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29 de novembro de 2010

É NASCIMENTO O HERÓI NACIONAL DO SÉCULO 21?

O filme materializa na telona o desejo de muitos brasileiros: ver um policial lutando contra o sistema. O que já é motivo suficiente para ir ao cinema!




Tropa de Elite 2 é um fenômeno. Ninguém estava esperando o sucesso estrondoso do filme, nem o diretor José Padilha. Tropa ficou sete semanas na liderança dos filmes mais vistos no Brasil , e se os bruxinhos da J. K. Rowling não aportasse nos cinemas na terceira semana de novembro ainda permaneceria por mais algumas. O blockbuster brasileiro estrelado por Wagner Moura está quase superando o filme Dona Flor e seus dois maridos que levou 10,7 milhões de pessoas às salas de cinemas no longínquo ano de 1976. Até agora, o público do filme de Padilha é de 10,1 milhões de espectadores. É o filme mais visto do ano no país. Nem a pirataria pode interferir na carreira do filme nos cinemas que, certamente, deve ultrapassar o longa da Dona Flor.

Tudo bem, Tropa de Elite 2 é um sucesso. Em termos narrativos e técnicos, é superior ao primeiro. Mas a que se deve todo esse êxito? O que está atraindo o público às salas escuras?

Segundo a revista Veja, grande parte dessa aclamação do público vem de um desejo comum dos brasileiros de poder caminhar pelas ruas das cidades sem sofrer algum tipo de violência e que essa garantia seja gerida por uma polícia honesta, incorruptível. Assim, Coronel Nascimento é tido como um tipo de justiceiro ideal, aqueles que todos querem ver atuando em sua comunidade. Um herói nacional. “Como o Estado falha na segurança, nós, que somos vítimas, temos a tendência de buscar soluções personalizadas, individuais. Nascimento dá vazão a essa ânsia por soluções imediatas. Ele é um justiceiro do século XXI brasileiro”, disse Padilha à revista.

“Para o estudante de psicologia César Gomes, 26 anos, o sucesso do filme é porque o público veem na figura do Nascimento, um herói, que não existe na realidade. “É ele versus o sistema”, afirma. “No primeiro filme, Nascimento não é vilão, nem herói. No segundo, ele já é visto como herói, porque não temos no Brasil, um herói que represente o país, como existe o Capitão América, ou o Superman, nos Estados Unidos” argumenta César.

Denise Alcântara discorda dessa atribuição de “herói” ao protagonista do longa. A universitária que cursa Relações Públicas, diz que o Nascimento é um idiota. Ela justifica: Ele já matou tanta gente e nunca pensou por um segundo porque ele estava matando? Não acredito naquela idéia de que o ser humano é ruim por natureza, acho que as pessoas se transformam de acordo com o ambiente em que vivem. No primeiro filme ele era apenas mais um que matava as pessoas, agora é um idiota consciente, porque agora ele sabe o porquê ele matava as pessoas do morro”, diz Denise. Ela achou o filme interessante, porque mostrou uma realidade pouco conhecida pela maioria das pessoas. “Não foi um filme de luta, violento, como o primeiro em que mostrava que "bandido tinha que morrer". No segundo filme foi apresentado um lado mais social”, conclui.

“Gostei do filme, provoca uma reflexão sobre a nossa condição política, mas o final é fictício”, relata César. “Ninguém vai ao Congresso denunciar os corruptos, criar uma CPI. Isso não acontece”, complementa o universitário se referindo á cena em que Nascimento vai ao Congresso e denuncia diretamente os deputados corruptos presentes ali causando o maior alvoroço no local, enquanto os acusados “berram” desesperadamente alegando serem falácias as acusações do coronel. Certamente essa cena pode parecer utópica na vida real, mas é um episódio que, graças ao diretor, materializou o desejo de muitos brasileiros de verem algum dia tal cena em algum telejornal.

O surpreendente sucesso do filme pode ser justificado por duas razões. Em primeiro lugar, o público brasileiro foi às salas pensando que iria ver mais pancadaria, outra fita de entretenimento, porém não absorvendo nada da mensagem transmitida. Em segundo, os mais de dez milhões de pagantes querem deixar um aviso de que há uma vontade do brasileiro de conhecer mais a fundo a realidade política da nação onde vive, além obviamente, da possibilidade – ainda que fictícia – de ver um policial honesto lutando sozinho contra um sistema falho e fazedores de corruptos.


Os universitários Denise e César tem opiniões contrárias sobre a absorção – ou não – das questões sociais abordadas no filme pelo espectador. Enquanto o primeiro diz que sim, a mensagem é dada ao espectador de forma bem mastigada propositadamente, para as pessoas perceberem o que está se falando na tela. O estudante de psicologia diz que não, a maioria dos espectadores não compreendem a mensagem que o filme transmite, concentram-se apenas na parte superficial, saem do cinema e logo esquecem o que foi visto e dito.

Para José Padilha, diretor dos dois Tropas, o fato do segundo filme ter passado dos dez milhões de espectadores indica que o público está interessado em pensar a realidade através do cinema político e que este tipo de cinema pode, sim, ser popular. “Para mim, esta é uma fonte de motivação. Me estimula a pensar em novos filmes, e a continuar o trabalho de roteirista e diretor que sempre quis fazer”, afirmou o diretor à revista Exame. Bom, se Padilha pensar em fechar uma trilogia para a saga do Cel. Nascimento, já teremos o nosso próprio “Bourne” a brasileira, ou o nosso “Dirty Harry” brazuca. O nosso próprio (anti) herói de ação nacional, ainda que seja apenas nas telonas.

14 de novembro de 2010

Ben Affleck - A reviravolta de um ator

Ben Affleck mostra suas armas e se consagra como diretor 
com o thriller Atração Perigosa

A crítica especializada adora “malhar” a atuação do Ben Affleck seja lá qual for o filme. Parece até um complô coletivo da imprensa. Tudo bem, ele pode parecer inexpressivo em alguns filmes, mas ele é um bom e eficiente ator, e ainda tem carisma. Mas felizmente, Ben é mais talentoso em outras funções. Se ele deixa a desejar na frente das câmeras, é atrás delas que tem maior êxito, sendo roteirista e diretor.
Em 2007, o garoto que há mais dez anos ganhou o Oscar de Melhor Roteiro com o seu amigo Matt Damon por Gênio Indomável, lançou o seu primeiro filme como diretor: Medo da Verdade. O longa foi elogiado pela crítica – é verdade, o filme é surpreendente - e deu ao ator a chance e a confiança de se aventurar novamente na direção.

Este ano Affleck lançou seu segundo filme, Atração Perigosa (The Town, 2010), e o sucesso de público e – de novo - da crítica mundial atribuiu muito mais que notoriedade e uma mudança na visão da imprensa, que até agora, enxergavam Affleck apenas como um ator mediano e ex-marido de Jennifer Lopez. Ben é visto agora como um ator que deu uma virada na carreira, um diretor competente e que ainda tem muito a revelar. 
Ambientado na cidade de Boston - lugar perfeito para a história, Atração Perigosa (que tradução hein....) é um drama policial envolvente, cenas de ação empolgantes, um elenco de primeira e interpretações marcantes. Affleck interpreta MacRay que se envolve com Claire (Rebecca Hall, encantadora), a gerente de banco que ele fez de refém no dia do roubo. MacRay e seus amigos – assaltantes - descobrem que ela mora na vizinhança e que a qualquer momento ela pode reconhecê-los. Assim, MacRay aceita vigiar a garota para checar se ela ajudará a Polícia. Logo, o assaltante se envolve com a ex-refém tornando a história interessante, instigante e sedutora.

Elenco bonito na estreia do filme.

Jon Hamm (o Don Draper da cultuada série Mad Men) interpreta o chefe da polícia que caça a gangue de assaltantes, a Gossip Girl Serena, Blake Lively (mostrando que além de linda, tem talento) é a antiga namorada de MacRay,e finalizando o super elenco, Jeremy Renner (Guerra ao Terror) interpreta o amigo explosivo e também participante do grupo de assaltantes.

Gossip Girl encontra um Mad Man!

Sabe aquele ditado que diz, "ninguém é bom em tudo"? Talvez isso se aplique ao Ben Affleck, ele é bom ator, mas é ótimo diretor. Ou talvez seja só a mídia criticando alguém, afinal, ela precisa criticar alguém, e infelizmente o escolhido foi o Ben, mas ele mostrou um “algo a mais” que muitos não contavam: talento na direção. Enfim, longa vida à carreira de Affleck como ator, roteirista e principalmente como diretor. Esse garoto vai longe....

1 de novembro de 2010

Scott Pilgrim é diversão pura!

Colorido, frenético, engraçado e  com muito rock n´roll:




Um dos filmes mais divertido do ano, da década. E uma das melhores adaptações de quadrinhos já realizadas. Bom, a lista de elogios ao novo filme de Edgar Wright é infinita. Sabe a qual filme me refiro? Acredito que não - motivos que eu explicarei adiante. Falo da produção Scott Pilgrim contra o mundo (Scott Pilgrim vs. The world, 2010) adaptação dos quadrinhos de Bryan Lee O´Malley.


Barulhento, colorido, frenético, engraçado e fantástico. Esses adjetivos cabem perfeitamente ao novo longa do diretor Edgar Wright, o mesmo dos ótimos - e hilários - Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso. A história do filme é inusitada: o adolescente roqueiro Scott Pilgrim se apaixona por Ramona Flowers, (Mary Elizabeth Winstead, atriz ainda desconhecida cuja carreira está prestes a decolar) uma Mari Moon versão gringa que pinta o cabelo a cada 15 dias. Mas se ele quiser ficar com a garota, terá que enfrentar seus sete ex - namorados malignos e super poderosos.


Pilgrim e seu amor de cabelo rosa!

Michael Cera (o garoto bobinho que engravidou a Juno, em Juno) interpreta o personagem-título. Seu personagem aqui ainda tem aquele jeito bobo, o que já garante risadas espontâneas. Mas Pilgrim tem algo a mais: luta como ninguém. A “noiva” de Kill Bill certamente deve concordar com essa afirmação. As cenas de luta com os seus rivais são as partes mais empolgantes e surreais do filme. Cera mostrou uma habilidade nas cenas de luta impressionante.

As cenas de luta são todas estilizadas no melhor estilo de videogames antigos, como o Street Fight. Um prato cheio pra quem curte games. As inserções gráficas inseridas na tela ao longo do filme, como “rrrrrrrrrrr” (telefone tocando), e as expressões de videogame como “K.O.” e a pontuação do Pilgrim a cada luta vencida, as cenas barulhentas da banda do Scott, a Sex Bob Omb, e os cortes rápidos das cenas apenas credita o longo como um dos mais alucinados e empolgantes da temporada.

Chris Evans como o ex maligno n° 2!

Mas nem tudo é uma maravilha. O filme fracassou nas bilheterias americanas e a Paramount resolveu lançá-lo nos cinemas brasileiros apenas no fim de novembro, mais de três meses após a estréia nos EUA. Os fãs ficaram irados e fizeram uma campanha via Twitter pedindo a antecipação do filme. A campanha surtiu efeito e a distribuidora decidiu lançá-lo em outubro. Primeiro no Festival de Cinema do Rio de Janeiro realizado no começo de outubro e depois nas demais salas do Brasil. A estréia estava marcada para o dia 29 de novembro. Foi adiada novamente, para a semana seguinte. Detalhe: existem uma – talvez duas, mas é dificil – cópia do filme para o Brasil inteiro. Ou seja, Scott Pilgrim estreará em São Paulo e só irá às outras cidades depois que sair de cartaz na cidade (iiiih, esperem sentados).
Brandon Routh é o ex n° 3: sua participação é hilária!

É aceitável que a distribuidora não queira lançar um filme que foi fracasso lá fora em grande escala e cujo público-alvo é um pouco restrito. Mas porque não lançá-lo imediatamente em DVD? Com essa medida, os fãs ficariam felizes, ao invés de agoniados esperando a boa vontade – e indecisão - da distribuidora em lançar o filme e ela ainda lucrava com a venda de DVD´s. Sem mencionar que diminuiria a quantidade de downloads do filme. Resta aguardar para saber se a novela vai continuar.

Enfim, está se tornando muito comum excelentes adaptações de quadrinhos não repetirem o sucesso nos cinemas. Kick-Ass - Quebrando Tudo também é considerado um dos melhores filmes do ano, porém não faturou muito nas bilheterias, mas ao menos chegou aos cinemas brasileiros.
Michael Cera e o Scott Pilgrim, desenhado!

Scott Pilgrim Contra o mundo é o filme que merece ser visto na telona e com som Dolby Surround. Mas parece que muita gente não terá essa chance e lhes restará assisti-lo na telinha do computador. Mas não importa. O importante é vê-lo e fazer parte de uma experiência única e mais louca do que você imagina.
E ai? quer curtir um pouco o som da banda do Pilgrim: O Sex Bob Omb? Escuta aí:

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