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23 de dezembro de 2017

Melhores filmes de 2017




mãe!  Certamente o filme que mais me incomodou neste ano, durante semanas. Quanto mais o tempo passava, mais eu gostava dessa viagem alucinada, polêmica, desagradável e reflexiva de Darren Aronosky. mãe! é como vinho, fica melhor com o tempo, não é um filme para se entender apenas, mas para interpretar segundo o seu próprio repertório cultural e social.



La La Land - Cantando EstaçõesO clássico e o moderno convivem harmoniosamente nessa obra musical encantadora que faz uma ode ao cinema para contar a história de dois jovens em busca de seus sonhos. Mágico.




Mulher-Maravilha Narrativa simples e ligação emocional com o público, graças ao carisma de Gal Gadot, são os maiores atributos desse filme de super-herói mais humano que você viu nesse ano.





Fragmentado – James McAvoy interpretando dezenas de personagens fantasticamente, como ficar indiferente? Impossível. Sua atuação é o motor desse retorno bem-sucedido de M. Night Shyamalan ao bom cinema de mistério.



16 de dezembro de 2017

Melhores séries de 2017


Em julho eu publiquei o post Melhores Séries de 2017 – até agora, em razão da quantidade enorme de boas séries que haviam estreado no primeiro semestre. De julho até dezembro, novas temporadas chegaram e novas séries estrearam superando minhas expectativas, tornando 2017 um ano formidável para os apreciadores de seriados. Segue a lista definitiva das melhores séries do ano.


Game of Thrones – Indo sempre na contramão da maioria das séries que perdem o “fôlego” ao passar dos anos, GOT apresentou uma sétima temporada sensacional, enxuta, dinâmica, cheia de revelações, espetaculosa, do jeito que a gente gosta e se acostumou, e como é de praxe, tecnicamente impecável. 2019 nunca esteve tão longe!



Dark – A série que eu não estava esperando e pegou todos de surpresa me conquistou já no primeiro episódio, e acabou de estrear na Netflix. Para fãs de ficção científica e mistérios, teorias malucas e viagem no tempo, Dark é um deleite, uma experiência desafiadora, estranha e profundamente sombria.


The Handmaid´s Tale – É inevitável não nos revoltarmos com o mundo opressivo, preconceituoso e violento no qual vive Offered (Elisabeth Moss), uma Aia encarregada de prover filhos para seus patrões. A série mais incômoda e chocante do ano.


Big Little Liars - Nicole Kidman, Reese Whiterspoon, Shailene Woodley e Laura Dern vivem personagens imersas em uma trama que envolve assassinato, violência doméstica e confusões escolares. Drama, mistério e humor bem dosados pelas mãos do talentoso diretor Jean-Marc Vallée.

9 de dezembro de 2017

Dark - A série profundamente sombria que você não pode perder


O homem cujas habilidades excepcionais é capaz de criar artifícios para transitar entre épocas diferentes, ou seja, viajar no tempo, é o mesmo que sucumbe à própria desgraça quando sua vida sofre uma reviravolta infeliz e qualquer noção de racionalidade lhe é tirada. Que ser complexo é o ser humano, não é mesmo? Essa dicotomia pode ser observada na série alemã Dark (2017), que estreou no Netflix este mês e já considero uma das melhores do ano, quiçá da década. 

Na lúgubre cidadezinha alemã de Winden, um pai de família tem sua vida virada do avesso quando seu filho menor desaparece misteriosamente, esta é uma das tramas de Dark, série que tem sido comparada equivocadamente a Stranger Things, felizmente, as semelhanças são mínimas e se esvaem já no primeiro episódio, quando notamos a atmosfera sombria, a densidade e a complexidade da trama, na qual iremos ficar absortos durante os próximos nove capítulos.


Criada por Baran bo Odar, Dark explora elementos comuns em produções de ficção científica como buraco de minhoca, viagem no tempo e conceitos de física quântica – se você já viu a série Fringe e os filmes Coherence, Interestelar e O Predestinado irá se deleitar com a história, no entanto, a parte complicada e também o maior trunfo de Dark são as três linhas temporais que envolvem membros de quatro famílias, é bem fácil você se perder e não saber quem é quem e não conseguir enxergar a ligação entre os tantos personagens, uma árvore genealógica das famílias – como essa que a Mundo Estranho elaborou – seria ótimo para consultar enquanto ver os episódios.

18 de novembro de 2017

Liga da Justiça


Contém leves spoilers 
(nada que já não tenha descoberto por aí...)

O aguardado Liga da Justiça (Justice League, 2017) estreou e sem mais delongas posso afirmar que o resultado final é muito satisfatório, é uma obra enxuta, divertida, cumpre o que promete, segue à risca a cartilha dos filmes de reunião de super-heróis, no entanto, se não ofende os fãs também não atribui nada de novo ao universo DC no cinema, seja na narrativa ou no quesito técnico.

A recepção morna de Batman Vs Superman e o desastre chamado de Esquadrão Suicida certamente contribuíram para que a DC arriscasse menos e optasse em oferecer ao público uma aventura mais convencional, leve e descompromissada ao exemplo de Mulher-Maravilha, um hit estrondoso que caiu nas graças do público e da crítica.


E para essa mudança de tom, Joss Whedon (Firefly, Os Vingadores) foi convocado para substituir Zack Snyder – afastado por problemas pessoais – e fez algumas refilmagens, porém, acho que o trabalho de Whedon foi mesmo o de picotar, retirar os excessos deixados por Snyder, visto que Liga da Justiça é bem redondinho, não há espaço para cenas desnecessárias ou  aprofundamento nos dramas dos personagens, apenas para comentários cômicos – que muitas vezes destoam do contexto, mas a intenção é válida.

23 de outubro de 2017

Coherence – um filme que vai explodir sua mente


Coherence, um suspense sci-fi independente lançado em 2013, é um desses filmes que talvez você não conheça, é também uma dessas obras perturbadoras da mesma categoria de Donnie Darko, O Predestinado e Amnésia, por exemplo. Se você já viu um deles, já sabe do que estou falando. Aliás, essa produção se encaixa bem no meu post Os melhores filmes-cabeça de todos os tempos.

Dirigido pelo roteirista da animação Rango, James Ward Byrkit, Coherence – seu primeiro trabalho como diretor – é uma obra que desafia a nossa mente, no melhor estilo “blow your mind”, sendo assim, é categórico que você saiba o mínimo possível sobre a trama de Coherence. O que você pode saber é apenas isso: oito amigos se reúnem para um jantar na casa de um deles na noite em que um cometa está passando pela órbita da Terra. A noite vira um caos quando coisas estranhas começam a acontecer. Isso é tudo!

12 de outubro de 2017

São tempos difíceis para um cinéfilo!

É desanimador, os trailers estão revelando as surpresas dos filmes e a ida aos cinemas já não é tão agradável assim



São tempos difíceis para um cinéfilo. São tempos difíceis para ir ao cinema. Esta não é uma crítica de um filme, é mais um desabafo de um cinéfilo (eu) incomodado com a atual realidade no que diz respeito ao processo de divulgação de uma obra cinematográfica e ao hábito de ir a um cineplex assistir a um filme.

Ir ao cinema tem se tornado cada vez mais uma odisseia das mais frustrantes, o desrespeito é um dos principais fatores, mas a frustração já te acomete meses antes do filme estrear. Refiro-me à pesadíssima campanha de marketing das distribuidoras, que lançam centenas de trailers e vídeos – e se reclamar, publicam ainda os dez minutos iniciais do filme! Woooow! Maravilha hein!!! –  revelando cenas importantes da história, arruinando quase completamente a nossa experiência no cinema. O poder de “sugerir” caiu em desuso em detrimento do “explícito”.  


Se o clássico Tubarão fosse lançado nos dias atuais e o bicho fosse revelado nos trailers, Steven Spielberg teria uma síncope, morreria na hora. Pois você bem sabe – espero que saiba mesmo – que o maior trunfo do filme é a não aparição do tubarão durante a maior parte da produção, o que não diminui o suspense e o impacto quando ele ataca. Tubarão é a prova de que “não ver” pode ser bem mais apavorante do que escancarar uma ameaça. Infelizmente, o lema de Hollywood hoje em dia é exatamente o contrário: Mais é sempre mais.


Essa discussão tem sido cada vez mais frequente nos sites especializados. Ufa! Achei que só eu estava percebendo esse marketing “arregaçado”. Até David Lynch se posicionou sobre essa questão e eu concordo totalmente com ele. "Hoje em dia, os trailers contam praticamente a história inteira do filme. Eu acho que eles são realmente prejudiciais".

24 de setembro de 2017

mãe!


Darren Aronofsky não faz filme de fácil digestão: Pi, Réquiem para um Sonho, Fonte da Vida e Cisne Negro são obras desconcertantes, divisivas e polêmicas. Se você é um apreciador do repertório do cineasta, certamente você vai adorar sua mais nova criação: mãe! (mother!, 2017), se não, vai odiá-lo com todas as suas forças (bem, hoje em dia, não se precisa de muito para se odiar algo né!). mãe! é – no melhor sentido – desagradável, claustrofóbico, desconfortável, um chute no estômago. mãe! não é um filme de terror, como o marketing diz ser, embora haja momentos e artifícios que evoquem uma produção do gênero.

mãe! é sobre a Criação e o Criador, a alegoria religiosa presente na obra é incontestável, ainda que permita interpretações múltiplas, o fanatismo religioso e a devoção a celebridades/deuses são claramente explicitados. Jennifer Lawrence vive a mãe. De acordo com alguns dicionários, mãe significa amor, proteção, alimentação. Indo ainda mais longe, a deusa Kali, a mãe segundo os hindus, representa criação, preservação, destruição. E todos esses elementos são representados pela figura da protagonista ou pela narrativa.

7 de setembro de 2017

Atômica – espionagem e história em filme de ação ousado



Destruída após a Segunda Guerra Mundial, Alemanha foi dividida entre os vencedores do conflito, ou seja, URSS comandava a Alemanha Oriental, e os EUA a Alemanha Ocidental. As pessoas que viviam na parte Ocidental podiam ir para o lado Oriental, mas não o contrário, favorecendo a construção de túneis subterrâneos para aqueles que queriam ultrapassar a barreira. 

O Muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria, caiu no dia 9 de novembro de 1989, ou ao menos começou a ruir nessa data. A imagem da população munida de pás, marretas e martelos demolindo o paredão ficou na memória coletiva, porém, a derrocada do muro não se deu de um dia pro outro, até novembro de 1990 esse monumento foi lentamente demolido. Isso ocorreu porque um porta-voz da Alemanha Oriental declarou numa entrevista que seriam permitidas viagens ao outro lado, depois de ser questionado quando isso aconteceria, ele deu a entender que essa mudança já estava valendo. Tal declaração foi o suficiente para  que os moradores, do lado Oriental, se amontoassem junto ao muro para exigir passagem e derrubar o muro à força.



Mas essa é uma outra história...não é a principal, mas é o que torna Atômica (Atomic Blonde, 2017) muito mais que um filme de pancadaria estrelado por Charlize Theron, é uma obra ímpar, que mescla ingredientes de um filme de espionagem com o retrato de um momento histórico vivido pela humanidade. David Leitch, o diretor, criou praticamente um novo subgênero: o filme de ação-espionagem-histórico.

21 de agosto de 2017

Um Contratempo – um exercício de percepção



Talvez você não saiba, mas o cinema espanhol tem uma contribuição bastante significativa ao gênero suspense/mistério e que deveria ser mais prestigiada pelo público em geral, posso citar alguns exemplares de língua espanhola que compensa qualquer possível trabalho de ter que procurar tais obras na web, por exemplo, as obras-primas de Guillermo Del Toro A Espinha do Diabo e O Labirinto do Fauno, A Pele que Habito de Pedro Almodóvar, do diretor Alejandro Amenábar tem os ótimos Tesis – Morte ao Vivo e Preso na Escuridão (Abra Los Ojos, que ganhou versão péssima com Tom Cruise chamada Vanilla Sky), o tenso REC e o elogiado El Cuerpo, este último, do promissor Oriol Paulo, que também é o responsável pelo thriller mais surpreendente que você verá neste ano, Um Contratempo (Contratiempo, 2016), disponível na Netflix e objeto principal dessa crítica.


Graças à sua disponibilidade na famosa plataforma on-line, Um Contratempo tem ganhado aos poucos reconhecimento e um público cativo. Não me espanta se o filme espanhol brevemente ganhar um remake “meia boca” de Hollywood e o diretor Paulo for convidado para assumir outra refilmagem desnecessária, impedindo o cineasta de trabalhar em projetos originais e possivelmente mais interessantes.

30 de julho de 2017

Dunkirk – Um retrato frio da guerra



A Batalha de Dunquerque ocorreu no início da Segunda Guerra Mundial, quando mais de 400 mil soldados ingleses ficaram presos entre o inimigo alemão e uma praia em território francês, e tiveram que ser resgatados pelo Canal da Mancha por civis em embarcações pequenas, em sua maioria. No fim, apesar das previsões pessimistas, foram socorridos mais do que se esperava. É um episódio em que não houve heróis, é considerado um “desastre” por muitos, mas que o visionário Christopher Nolan transformou em uma história de sobrevivência incrivelmente realista em seu novo filme Dunkirk (2017).

Esse drama da vida real é contada por meio de três ângulos: no mar, no ar e no molhe, protagonizados respectivamente por Dawson (Mark Rylance), Farrier (Tom Hardy) e Tommy (Fionn Whitehead, ator ainda desconhecido). Completam o elenco Cillian Murphy, Kenneth Branagh, Jack Lowden e Harry Styles – se saindo muito bem, aliás, em sua primeira incursão na arte de atuar (clipes não valem, rs).

9 de julho de 2017

Melhores séries de 2017 (até agora)



O Inverno já está quase aí, mas 2017 já nos deu tantas séries maravilhosas e imperdíveis que resolvi listá-las já, antes do final do ano (época das tradicionais listas de melhores e piores do ano)!!!! Confere ai!



The Leftovers – A série intrigante e audaciosa de Damon Lindelof (Lost), cuja premissa se baseia na partida repentina de 2% da população, chegou ao fim e, sim, todas as respostas foram dadas. A forma como se esclarece o principal mistério da série é inteligente e ousada, causando no espectador emoções díspares. Com 3 temporadas, cada uma delas com atmosfera distinta, mas sempre com a história do Arrebatamento de fundo, The Leftovers (HBO) tinha como trunfo os fortes dramas e seus respectivos personagens, como Kevin (Justin Theroux) e Nora (Carrie Coon), não por acaso, o último episódio centrado nos dois representa o ápice da jornada vivida por ambos, e como tal, não poderia ser mais emocionante, mas com um toque de desconcerto.


Big Little Liars – Também da HBO, esta foi uma das surpresas do ano. Com um elenco feminino poderoso formado por Nicole Kidman, Reese Whiterspoon, Shailene Woodley e Laura Dern e direção dos sete episódios por Jean-Marc Vallée (Clube de Compras Dallas), a minissérie mistura trama de mistério envolvendo um assassinato com dramas que abarcam desde violência doméstica e casos extraconjugais até confusões escolares com os filhos das “perfeitas” mulheres da pacata cidade de Monterey.


The Handmaid´s Tale – Provavelmente a série mais incômoda e chocante do ano. É inevitável não nos revoltarmos com o mundo opressivo e violento no qual vive Offred (Elisabeth Moss, prêmios para ela), uma Aia encarregada de prover filhos para seus patrões. A redução do papel da mulher a ser reprodutor ou apenas de objetificação, preconceito contra homossexuais, governo autoritário que usa de religião para cometer assassinatos e repreensões são algumas das questões abordadas na série, que já aviso, não é destinada a qualquer um. 


Cara Gente Branca – Com muito humor e sarcasmo, mas sem perder de vista o principal objeto de discussão da série: o preconceito racial e a forma como ele é tratado na sociedade, esta série da Netflix põe o dedo na ferida, contorce e afunda mais o dedo sem dó alguma. A questão aqui é apresentada explicitamente. Chega de subliminaridades. São 10 rápidos e deliciosos episódios discutindo questões sérias e tantas formas de racismo que, quer queira ou não, estão enraizadas na sociedade. Cara Gente Branca é um tapa na cara, um despertar para a autorreflexão, a empatia, o respeito. Uma série obrigatória em tempos atuais.


4 de junho de 2017

Mulher-Maravilha


Sinto muito pelas pessoas, no Líbano, que não poderão apreciar a estreia bem-sucedida e espetacular da Mulher-Maravilha no cinema, por conta de um grupo que está boicotando o longa por uma razão que, particularmente, não considero justificável: Gal Gadot já integrou o exército israelense (algo que é obrigatório lá, homens e mulheres servem ao exército após o período escolar), cujo país está há anos em conflito com o Líbano. Mulher-Maravilha (Wonder Woman, 2017) é o filme de heroína que a DC, o cinema, o mundo estava precisando. É o melhor filme da DC desde O Homem de Aço (2013) – apesar dos exageros, considero a obra de Zack Snyder um filmaço, tão grandioso quanto o próprio herói. 

Gal Gadot, uma atriz quase desconhecida, fez um papel pequeno na franquia Velozes e Furiosos, calou a boca de muita gente no ano passado – que criticou a escolha dela para o papel da heroína – quando ela, vestida já como Mulher-Maravilha, roubou os holofotes de seus companheiros heróis em Batman Vs Superman. Desde então, as expectativas aumentaram e felizmente elas foram correspondidas. A Diana de Gadot é encantadora, meiga e uma guerreira destemida quando o momento exige.

20 de maio de 2017

Garotos (Jongens)



Garotos (Jongens, Boys, 2014) conta a história da descoberta do amor entre dois garotos. Poderia parar aqui, essa linha já resume bem o filme, mas esse longa holandês tem algumas particularidades que o distingui de muitas obras que tratam de relação entre pessoas do mesmo sexo, então, escreverei mais. Garotos se destaca das demais produções de temática LGBT, principalmente, por não carregar aquela sensação de tragédia iminente que acomete a maioria dos filmes (O Segredo de Brokeback Mountain, Queda Livre, Além da Fronteira). Garotos é um “feel good movie”, ou seja, nos deixa com uma sensação boa após o seu término.

Sieger (Gijs Blom), um garoto de 15 anos, é o protagonista. Ele se apaixona pelo colega do time de atletismo Marc (Ko Zandvliet). O jeito autoconfiante e imprevisível de Marc são algumas das razões pelo qual Sieger começa a desenvolver sentimentos, até então desconhecidos, mais fortes e complexos por ele.



13 de maio de 2017

Alien: Covenant


Há cinco anos Ridley Scott retomava a franquia Alien com Prometheus, uma obra indigesta e confusa, ninguém “abraçou” o teor existencialista da ficção que apresenta apenas ameaças e promessas (não cumpridas). Agora, em Alien: Covenant (2017), Scott faz o oposto e literalmente “toca o terror” em um filme visceral e sangrento.

Alien: Covenant não é melhor ou tão bom quanto o original de 1979 (a crítica especializada é muito ingênua ao esperar isso), na verdade, não precisa ser, o mais importante é que Covenant é muito superior a Prometheus. E isso já basta.

24 de abril de 2017

Vida (Life) – Um suspense sci-fi imperdível e inesperado



Você bem sabe que, conforme Charles Darwin e sua teoria da seleção natural, os seres mais bem adaptados ao meio em que vivem possuem mais chances de sobrevivência em relação aos organismos menos preparados à adaptação. Bem, tendo como base esse conceito e a nova obra de Daniel Espinosa, a raça humana corre sérios riscos de extinção. Em Vida (Life, 2017), novo filme do diretor, duas formas de vida distintas travam uma guerra violenta pela sobrevivência. Quem ganha essa batalha? Bem, você terá de descobrir assistindo a este que já é um dos melhores filmes do ano que ninguém estava esperando e que quase ninguém vai ver.

Jake Gyllenhaal, Ryan Reynolds e Rebecca Ferguson estrelam esse suspense espacial que tem nome de drama existencial de Terrence Malick, mas se aproxima mais de um Alien dos antigos ou de uma ficção científica dos anos 80. Das boas. O título “Vida” pode parecer romântico, mas faz todo o sentido quando se assiste ao filme. Vida trata de um paradoxo sobre a vida, a obra expõe de forma bem clara a dualidade a respeito da vida, de um lado há a forma de vida que precisa aniquilar a outra para continuar o seu desenvolvimento natural, de outro, há a que tenta a todo custo manter a sua hegemonia, ou seja, sobreviver.

13 de abril de 2017

13 Reasons Why



Contém spoilers!
Precisamos falar de 13 Reasons Why. Quando Tyler (Devin Druid), o fotógrafo que é vítima frequente de bullying no colégio, abre uma caixa no seu quarto e vemos nela um pequeno arsenal, repleto de armas de diversos tipos, logo associei esse momento a obras cinematográficas que tratam de massacres em escolas, tipo de tragédia que pode surgir nas cenas da próxima temporada da série 13 Reasons Why (2017), novo hit do Netflix, que aborda temas difíceis como bullying, suicídio, estupro, entre outros. É como se 13 Reasons Why narrasse os bastidores, ou melhor, escancarasse as causas desse tipo de incidente que, de tempos em tempos, acontece, principalmente, em alguma escola americana, e que já foi retratado em dois filmes que expõem duas diferentes perspectivas sobre episódios violentos envolvendo adolescentes. Antes de falar da série, é importante fazer esse link com outras obras.

O filme Elefante, de Gus Van Sant, é baseado no massacre de Columbine, que ocorreu em 1999. A produção acompanha a rotina dos alunos na escola até a chegada de dois alunos, munidos de metralhadoras, eles causam um banho de sangue atirando para todos os lados e depois se matam. Já o drama Tarde Demais (Beautiful Boy) retrata a situação através das lentes dos pais de um garoto, que aqui já não é a vítima, mas o assassino que mata 17 alunos e se suicida logo após. O filme concentra-se na vida dos pais, que tentam buscar respostas para o ocorrido e refletem se o papel deles, como pai e mãe, foi falho em algum momento.



Violência física, psicológica e sexual podem sim ocasionar tragédias como essa de Columbine, bem como o suicídio de Hannah Baker (Katherine Langford), e quando se está no Ensino Médio, os problemas parecem ser maiores do que realmente são. E no caso de 13 Reasons Why, eles são mesmo. A série vai além de questões acerca do bullying e do suicídio, trata também de famílias disfuncionais (a do Justin, principalmente) de relações sociais baseadas em interesse, de ser invisível para outros, de amizades passageiras e frágeis, mentiras, machismo, e como esses fatores podem acarretar não apenas crises existenciais (isso é sério), mas atitudes extremas em um adolescente.

25 de março de 2017

Fragmentado de M. Night Shyamalan



Quantos retornos “à boa forma” M. Night Shyamalan terá? Meus caros, o diretor de O Sexto Sentido já fez as pazes com o sucesso e o “bom cinema” em 2015, quando lançou o ótimo suspense A Visita, seu filme mais relevante em 10 anos. A sua nova obra, Fragmentado (Split, 2017), apenas dá sequência à boa fase de Shyamalan e reafirma que ele percebeu que o seu forte são filmes pequenos, mais autorais e com menos interferência de estúdio.

Em Fragmentado, James McAvoy interpreta Dennis, Barry, Patricia, Hedwig, Kevin, Jade, Orwell e muito outros.  É um homem que possui 23 personalidades distintas e sequestra e mantém em cativeiro três jovens garotas para um fim “macabro”. Nem preciso comentar que McAvoy está estupendo em cena, poucos atores possuem a versatilidade e a expansão como ator para encarar esse desafio (né Mark Wahlberg!), mas McAvoy traduz esse desafio em uma atuação que impressiona a cada personalidade que surge. 

11 de março de 2017

Kong: A Ilha da Caveira



Em 2005, Kong: o rei dos macacos voltou aos cinemas em uma aventura grandiosa pelas mãos de Peter Jackson, dois anos após o fim da trilogia de O Senhor dos Anéis. King Kong é grandioso mesmo, em vários sentidos, além da duração de mais de 3 horas de filme, a obra tem a magnificência a qual Jackson impôs em suas obras tolkienianas. Apesar de pouco lembrado hoje em dia, King Kong continua com sua aura épica, é um drama que explora a fundo seus personagens, e também uma aventura de tirar o fôlego, com sequências de ação memoráveis e efeitos visuais estarrecedores, típico de uma obra de Jackson.  

Doze anos depois, o macaco mais emblemático do cinema retorna, imenso, em Kong: A Ilha da Caveira (Kong: Skull Island, 2017), sem a cara de “clássico” do épico de Jackson, mas ainda assim, é uma empolgante e despretensiosa aventura.

19 de fevereiro de 2017

Moonlight: Sob a Luz do Luar


Se há um filme capaz de tirar o Oscar de Melhor Filme de La La Land, na premiação deste ano, ele se chama Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight, 2016). A obra de Barry Jenkins sobre um rapaz negro e solitário em busca do seu eu verdadeiro possui uma delicadeza de partir o coração (esse termo pode ser piegas, mas é honesto).

A história do protagonista Chiron é dividida em três capítulos, “Little”, “Chiron” e “Black”, cada parte representa respectivamente a infância, a juventude e a vida adulta do personagem. Introspectivo e de poucas palavras, Chiron é também alvo de valentões. Moonlight inicia com o menino correndo de agressores e se trancando em uma casa abandonada. Logo, o garoto é libertado por Juan (Mahershala Ali, de Luke Cage), que logo se torna uma espécie de pai para Chiron. A ausência de uma figura paterna e o descaso da mãe, mais interessada em drogas, contribuem para que a relação entre Juan e Chiron se fortaleça, mas não diminui, portanto, a solidão do protagonista durante a sua vida.

28 de janeiro de 2017

Sob a Sombra


O terror de viver no meio de uma guerra, tendo de conviver com explosões e mísseis caindo na vizinhança, parece até fazer parte da rotina de mãe e filha, no entanto, a possibilidade de estar vivendo com “espíritos” na sua própria casa torna o dia a dia muito mais aterrador do que o “clima de pânico” lá fora. Unindo o realismo e o sobrenatural, os dois cenários aterrorizantes, juntos, amplificam a sensação de desconforto e tensão e este é um dos maiores acertos do filme Sob a Sombra (Under The Shadow, 2016), que entra na lista de uma das melhores e mais originais obras de suspense do cinema recente.

Sob a Sombra é um filme iraniano, e tem um estreante na direção, Babak Anvari, que também roteirizou a obra. Ambientado em Teerã, em 1988, durante a guerra entre Irã e Iraque, a história inicia quando Shideh (Narges Rashidi) é impedida de voltar a estudar medicina por causa de suas ações políticas nos anos anteriores. Com sentimentos de revolta, tristeza e impotência, ela faz do lar um lugar de estresse, favorecendo a entrada de espíritos ruins e malignos chamados djinns, que são os demônios da religião islâmica. Com a ida do marido para trabalhar na guerra, Shideh e sua filha Dorsa (Avin Manshadi) ficam sozinhas em casa.



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