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25 de setembro de 2014

Gotham - E o que eu achei do primeiro episódio da série!




Gotham estreou esta semana na TV americana e trouxe aquele frescor de novidade que realmente surpreende a gente e estilhaçando aquela sensação ruim de que a série da Fox, sobre o período em que Batman não era ainda o Batman, fosse se enveredar pelo modelo básico seguido pelas atuais séries de super-heróis, tipo aquelas do canal CW. Ao fim do primeiro episódio de Gotham (2014) soltei um Ufa, seguido de um Wow, respirei aliviado, fiquei muito satisfeito com o resultado e com a proposta mais adulta e sombria de Gotham, criando um abismo de disparidades imenso entre esta nova série e as outras produções do mesmo gênero.

Gotham traz à televisão os personagens icônicos dos quadrinhos de Bob Kane e Bill Finger e pretende mostrar a infância de Bruce Wayne e desde o início da carreira de James Gordon (Ben McKenzie) na polícia de Gotham City, além de explorar todos aqueles vilões do cavaleiro das trevas que nós conhecemos, só que em versões bem mais jovens. O Pinguim (interpretação magnífica de Robin Taylor), por exemplo, é quem rouba a cena neste primeiro momento.

 O jovem Pinguim.

No episódio-piloto, Gordon acaba de chegar na cidade, já com a posição de Tenente, o jovem vai ter que aturar o mau humor de seu parceiro Harvey Bullock (Donal Logue).  Como a gente bem sabe, Gordon é um policial corajoso, honesto, ingênuo e incorruptível. O maior embate da série certamente será a relação tempestuosa entre ele e o seu parceiro, um cara corrompido pela máfia e de atitudes duvidosas.  A adaptação ainda vai explorar a vida de Gordon e a sua maneira de sobreviver em uma cidade suja, em todos os sentidos, constituída de policiais corruptos, criminosos e pessoas em que não se pode confiar.

É neste primeiro episódio que Gordon se aproxima do garoto Bruce Wayne (David Mazouz), a trama inicial da série é justamente sobre o assassinato dos pais do menino e o esforço de Gordon e Bullock em resolver o caso.

Como dito antes, Pinguim é o que mais se destaca na estreia, é muito bom vê-lo em cena, no entanto, outros futuros vilões fazem uma aparição modesta no piloto, por enquanto, como a Selina Kyle (Camrem Bicondova) que sempre surge se esgueirando entre os prédios avistando o órfão. A Hera Venenosa e o Charada também aparecem de relance no primeiro capítulo.

Det. Gordon e Bullock.

Além dos vilões e do mafioso Falcone, a trama ainda conta com uma adição perigosa à galeria de personagens e que vai dá muito trabalho para o Tenente Gordon, Fish Mooney, vivida por Jada Pinkett Smith, uma gângster que já tem seus bons momentos no primeiro episódio.

Diante dos primeiros 48 minutos do piloto de Gotham, minhas expectativas estão nas nuvens. Criada por Bruno Heller, responsável por Roma e The Mentalist, a série da Fox tem muitos acertos e um futuro promissor.  O elenco foi bem escolhido, Ben McKenzie - recém-saído de uma experiência intensa e desafiadora na série Southland - convence e Logue, intérprete do seu parceiro, também se sai muito bem, ambos mostram muita sintonia em cena.

Gordon consola o garoto Bruce Wayne .
 
O visual sujo e feio da cidade, o clima sombrio, os cenários escuros e poluídos, incomodam o espectador e evocam a atmosfera dos filmes de Christopher Nolan. Também é notável a escolha dos roteiristas em não esconder o sangue e a violência física, tudo isso torna Gotham uma grata surpresa, mais que uma simples série sobre o prelúdio de um super-herói, um programa adulto que lembra muito os filmes de máfia e aposta na ousadia e no realismo, não podia se esperar menos de um seriado ambientado em um mundo que é bem intimidante, feio, desonesto e violento. 

Gotham será exibida no Brasil pelo canal Warner a partir do dia 29 de setembro.  A primeira temporada terá 16 episódios.

21 de setembro de 2014

Maze Runner: Correr ou Morrer é previsível, mas diverte!




Não sei dizer quão fiel à fonte original, Maze Runner: Correr ou Morrer (The Maze Runner, 2014) ficou, não li o livro, mas esta adaptação cinematográfica da série literária de James Dashner foi além das minhas expectativas, que não eram muitas, mas gostei muito do filme, talvez isso tenha acontecido porque eu não sabia praticamente nada do enredo, tampouco fiquei vendo e revendo as dezenas de trailers antes do lançamento. Vou abrir parênteses aqui e dá uma dica: quanto menos você souber sobre qualquer filme ou série, melhor, assim você não cria grandes expectativas e muito provável fique muito satisfeito com o resultado. Maze Runner: Correr ou Morrer, do diretor Wes Ball,  tem muitos defeitos, mas cumpre bem a sua função, que é a de divertir. 


Na obra de ficção científica pós-apocalipse, Thomas (Dylan O´Brien) já surge na telona numa jaula, sem lembrar de nada, nem o seu próprio nome, ele acorda numa comunidade composta de adolescentes situada numa floresta rodeada pelos quatro lados por grandes paredes, formando o temível labirinto. Bem, essa história de um bando de meninos perdidos no meio do nada lutando pela sobrevivência, lembra muito o clássico O Senhor das Moscas.


Tão confuso e curioso quanto nós, os espectadores, o protagonista logo vai descobrindo mais sobre o lugar e os habitantes, que estão ali há anos e não sabem por que eles foram parar ali e muito menos conhecem um meio de saída do labirinto, tomado por criaturas horripilantes.

 Perdidos no labirinto: Thomas, Minho, Gally e Newt.


É justo esse clima de mistério crescente, que vai revelando algo novo de tempos em tempos, o maior trunfo de Maze Runner, técnica que prende totalmente a atenção do público e faz com que fiquemos apreensivos até o próximo passo. Assim como o Thomas, temos medo do que estar por vir, medo do desconhecido, mas também estamos curiosos para ir além e descobrir a razão desta “brincadeira” de mau gosto. É muito fácil gostar e torcer pelo protagonista, questionador e inquieto, Thomas, o Corredor, é o reflexo puro da vontade do público. Dylan O´Bien, deixa o humor do Stilinski da série Teen Wolf de lado, e assume a liderança do filme - e de uma franquia - com naturalidade e jeito de herói de fitas de ação, é um papel mais sério e desafiador e Dylan o desempenha muito bem.


Além do enredo intrigante, o suspense constante e a sábia escolha de O´Brien para o papel principal, as cenas de ação não decepcionam, mesmo com a visível limitação  nos efeitos especiais em decorrência do baixo orçamento, as sequências de correria ainda são eletrizantes, causam frenesi, não deixa o seu público-alvo insatisfeito, já que este é o tipo de obra que prioriza mais esses momentos alucinantes.
 

Mesmo sendo superior aos outros filmes baseados em livros juvenis como A Hospedeira e Os Instrumentos Mortais, Maze Runner: Correr ou Morrer sofre de um mal, os clichês. E eles não são poucos. A começar pelos coadjuvantes estereotipados, tem o gordinho amigo do protagonista, o oriental e um vilãozinho, que nesse caso, é mais chato que vilão, o Gally, interpretado por Will Poulter, de A Família do Bagulho

A ideia é boa, tem que haver alguém para discordar da figura principal e construir um contraponto na história. Gally é a persona adepta do conformismo e da resistência, teme mudanças e o progresso. Enquanto Thomas é a novidade, personifica a coragem e é líder por natureza, para Gally, ele é a ameaça à sua vida pacata baseada na conformidade e no medo de sair daquele lugar. Como a produção é voltada à audiência jovem, essa discussão é abordada de leve, mas já é o suficiente para beliscar a mente daqueles que vão ao cinema para buscar algo mais do que entretenimento.


 As reviravoltas sem sentido e desnecessárias, uma envolvendo o personagem de Gally e o atropelo de clichês que se dá nos derradeiros momentos, entre eles, há um cuja intenção é somente emocionar o público, faz de Maze Runner: Correr ou Morrer mais uma adaptação que tem medo de inovar e ainda subestima a inteligência do seu público, contudo, não deixa de ser uma obra empolgante e que prende a atenção do espectador em quase duas horas de projeção, isso pode ser um fator bobo, mas parece que não é uma regra nas produções do gênero.

A Fox já anunciou a sequência The Scorch Trials, que vai estrear em setembro de 2015.
  
NOTA: 7,5

17 de setembro de 2014

Chris Evans comanda uma revolução em Expresso do Amanhã




O subgênero “filmes (pós) apocalípticos” ganhou recentemente uma estupenda e surpreendente adição, Expresso do Amanhã (Snowpiercer, 2013), do inventivo Bong Joon-ho - diretor coreano dos ótimos O Hospedeiro e Mother. Estrelado pelo Capitão América Chris Evans, a produção conta a história dos poucos sobreviventes de um desastre que dizimou quase totalmente a raça humana e congelou por completo o planeta. Os que restaram, agora vivem a bordo de um trem que nunca para, o Snowpiercer.


A humanidade e a barbárie nela incrustada se limitam então, aos vagões da máquina, forte o bastante para destruir o gelo que surge em seu caminho. Em uma clara analogia e crítica à nossa sociedade, os tripulantes são separados por classes sociais. Os mais abastados estão nos primeiros vagões, já os mais pobres, estão lá no fundão, em vagões sujos e escuros, se alimentam de uma barra de gelatina preta e nojenta, além de viverem com medo e sujeitos a punições violentas. 


A esperança de um mundo (vagão) melhor, ou seja, a saída daquele lugar asqueroso nos fundos para a “primeira classe” do trem, está embutida no líder Curtis (Chris Evans, numa performance notável e mostrando que é um ator versátil e capaz de interpretar papéis mais sérios), que logo inicia uma revolução sangrenta e imprevisível rumo à dianteira e ao encontro do misterioso Wilford (Ed Harris), o criador da máquina.

Evans e Bell, sujos e sedentos por uma ascensão social


A cada vagão que descobrimos, avançando junto com a camada mais baixa, ficamos impressionados, cada um tem a sua própria beleza e particularidade, como o vagão-aquário e o vagão-escola, este último, cenário de um dos momentos mais perturbadores do filme, no qual, crianças idolatram Wilford de uma forma assustadora, como na época do nazismo.


Expresso do Amanhã tem um toque de surrealismo que o diferencia de outros filmes de ação, a sequência de luta com os mascarados portando machados, filmada com estilo e engenhosidade pelo diretor, utilizando-se da câmera lenta sem abusar, é dessas que a gente fala “Uau! Que genial”. Lembra muito a cena de pancadaria de Oldboy.


Este é o primeiro longa falado em inglês do cineasta sul-coreano, por isso o elenco é cheio de rostinhos conhecidos, além do Chris Evans, tem o Jamie Bell (Billy Elliot, As Aventuras de TinTim), John Hurt (Doctor Who), Octavia Spencer (Histórias Cruzadas), e a melhor participação de todas, Tilda Swinton (Precisamos Falar sobre Kevin) interpretando a detestável Sra. Mason, contudo, também é responsável por exalar um humor estranho no filme. A atriz está excelente no papel e irreconhecível, eu só notei que Swinton, era a atriz por trás dos dentes postiços e óculos fundos da personagem, após verificar a ficha técnica da produção. Rs.

Tilda Swinton no centro. Detestável e irreconhecível!


Expresso do Amanhã é um baita filme, um longa de ação pós-apocalíptico com muito a dizer, muito a ensinar, a violência não é gratuita e fala de manipulação coletiva e de desigualdades sociais sem enganação e com uma clareza absurda. É uma obra que merecia mais atenção do público, mas certamente logo deve ganhar o status de cult. 

A compra dos direitos do filme pela Weinstein Company, impediu o seu sucesso internacional. A empresa adiou o seu lançamento nos EUA para fazer cortes e torná-lo mais acessível ao público americano. Bobagem! Parece que a remontagem acabou, Expresso do Amanhã está previsto para chegar aos cinemas brasileiros em outubro. Bom, eu não acredito que isso aconteça, mas graças à web, a ficção se encontra disponível para download,  quem sabe você encontre a versão sem cortes.


NOTA: 8,0

10 de setembro de 2014

The Leftovers: Minhas impressões sobre a primeira temporada






Chegou ao fim no último domingo a primeira temporada de The Leftovers (2014). A série é criada por Damon Lindelof, de Lost, e Tom Perrotta, e baseado no livro Os Deixados Para Trás, de Perrotta. 

Analisando os 10 episódios, cheguei a conclusão que, The Leftovers é uma série difícil e subjetiva, nem tudo está à mostra, nem tudo é explicado, mas apresentou uma primeira temporada bem satisfatória e um final digno. Em um resumo genérico, a série da HBO tem a seguinte particularidade, analisar o comportamento humano diante de tragédias inexplicáveis. 


Para quem não está familiarizado com a série, ela narra a vida de moradores de uma cidade do interior dos EUA e como eles reagem ao acontecimento misterioso do fatídico dia 14 de outubro, no qual 2% da população do mundo desapareceu, assim, de repente, sem deixar rastros. Para quem lê a Bíblia, a este fato tem-se o nome de Arrebatamento,  no qual prega que Jesus virá buscar aqueles que lhe pertencem, enquanto outros continuarão na Terra, período denominado de Grande Tribulação (!!!).

As fumantes do  grupo dos Culpados Remanescentes


A maneira como cada um se comporta diante desse acontecimento mesmo três anos após à Partida dos entes queridos, é o que move The Leftovers. Alguns ainda estão em depressão, outros acham que aqueles que foram “deixados para trás” são pecadores, e os que partiram, “foram salvos”, uns começam a seguir líderes religiosos, uns não sentem nada, e tem aqueles que entram para um culto no qual se vestem de branco, fumam sem parar, fazem voto de silêncio e invadem as casas alheias para roubar fotos e pertences daqueles que sumiram.


O que mais intriga na série é este grupo de apoio chamado de Culpados Remanescentes. Os integrantes possuem uma abordagem ousada e irritante de conseguir adeptos, ficam perseguindo os outros em qualquer lugar, encaram suas “vítimas” de forma amedrontadora, com olhar de indiferença, cigarro na mão, exalando fumaça da boca. E o propósito da “seita” ainda é mais ridículo, querem evitar que as pessoas esqueçam o que aconteceu e utilizam meios brutais para isso. Essa questão fica clara no último episódio da temporada, norteado por momentos decisivos e impactantes. 

 Kevin Garvey (Justin Theroux): louco ou salvador?


Mas então eu fico pensando, eu tenho o direito de esquecer o dia fatídico e a dor que ele me proporciona, se aquilo está me causando mal, eu posso perfeitamente superar e seguir em frente. No entanto, os Culpados Remanescentes têm essa missão "equivocada" de sempre relembrar o “sumiço” e os “desaparecidos”. Enfim, é por provocar esta e outras questões que The Leftovers é muito única e destinada para gente grande, que gosta de apreciar uma história original e com profundidade narrativa.


A primeira temporada não foi perfeita, tem alguns aspectos negativos como a narrativa lenta em alguns episódios, personagens que têm atitudes extremas sem sentido e subtramas que ao longo da temporada, perderam a força e ficaram desinteressantes, como a história do guru que acha que tem poderes e engravidou várias mulheres com um propósito que ainda desconheço. Os pontos marcantes de The Leftovers ficam por conta daquelas cenas macabras e esquisitas que não tem explicação alguma, por enquanto, como a matança de cachorros pelo delegado Kevin e seu “amigo” (imaginário?), a personagem de Liv Tyler tentando cortar uma árvore para provar, não sei o que, para a “seita” ou para ela mesma. 

 Integrantes da seita sendo hostilizados

 Quanto aos pontos positivos, além da história em si, ficam por conta da trilha sonora arrepiante - a inesquecível  versão instrumental de Nothing Else Matters do Metallica no último episódio - e dos personagens bem caracterizados. Aí se destaca o protagonista Kevin (Justin Theroux, competente), vivendo um conturbado e complexo ser humano, que em meio às loucuras que faz e vê, tenta ter uma relação normal com sua filha (chata), após a mulher ter abandonado ele para viver no “culto”. E também a personagem de Nora (Carrie Coon), uma mulher depressiva que perdeu no “dia do arrebatamento” os dois filhos e o marido de uma só vez. Aliás, é dela, algumas cenas mais emocionantes e angustiantes da série.


Com mais altos, que baixos, a primeira temporada foi muito boa, instigante, provocante. Do início lento até os últimos três e ótimos episódios, muito intensos e reveladores por sinal, The Leftovers me conquistou, finalizou algumas tramas e definiu um novo rumo para os personagens de forma aceitável no último capítulo, vislumbrando então, uma segunda temporada mais sólida e centrada mais nas dúvidas que não foram respondidas até então. 

NOTA: 8,0
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