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27 de maio de 2013

Bates Motel - Primeira temporada


Há sempre muita expectativa e medo quando Hollywood resolve “mexer” em clássicos eternos do cinema atribuindo-lhes uma “repaginada”, pior fica quando altera-se o tempo em que a história original é ambientada para uma época mais atual, isso causa quase sempre o desgosto profundo dos fãs.

Recentemente, o cult Psicose foi a “vítima” da vez. Desde que decidiram criar uma série que contava a juventude do psicopata Norman Bates,  eu fiquei com os dois pés atrás. Algum tempo depois, me animei com os ótimos trailers lançados de Bates Motel. Em março, a série foi ao ar e fui vê-la com toda aquela desconfiança. Confesso que não curti, assim de imediato, em razão da história ser ambientada nos dias de hoje, e temi que o enredo escorregasse nos clichês que os seriados teens tanto adoram, pois o protagonista Bates é jovem e ainda está na fase em que frequenta a escola. 

Freddie Highmore, atuação digna de prêmios.

Em resumo, e passado o medo de que a série fosse um fiasco, do ponto de vista narrativo, hoje considero Bates Motel uma grata surpresa do ano, correspondeu as minhas expectativas e surpreendeu aqueles que não esperavam nada dela. Dessa vez, o prelúdio televisivo do clássico de Alfred Hitchcock deu certo, ao menos nessa primeira temporada recém finalizada.

Bates Motel encantou a crítica e o público por vários motivos, desde a qualidade técnica impecável -  a direção de arte, a  fotografia, o figurino  -  às intensas  cenas de suspense, principalmente nos primeiros seis episódios. No entanto, a dupla de protagonistas é o maior trunfo da série. Vera Farmiga e Freddie Highmore, Norma e Norman Bates respectivamente, estão excelentes, as atuações são dignas de prêmios.

Norma e  seu filho "normal", Dylan.

É o melhor papel da carreira de Vera Farmiga, que já fez bons filmes como Amor sem Escalas e Os Infiltrados, mas nenhum de seus antigos personagens é tão marcante quanto o da explosiva Norma Bates.  Cômica, bipolar, super protetora, sexy, Farmiga dar profundidade e autenticidade ao personagem, observa-se que a atriz está muito a vontade na pele da mãe psicótica de Norman.

O menino que nos fez chorar rios de lágrimas no drama Em Busca da Terra do Nunca,  Freddie Highmore, já grandinho com 21 anos de idade, mostra que o seu talento continua intacto. Ao contrário de Farmiga que tinha toda a liberdade para criar a mãe Norma, Freddie teve o desafio de captar os trejeitos do personagem de Anthony Perkins, do filme Psicose, e ainda incorporar outros elementos em sua atuação. Um trabalho que exigia muita minúcia e sensibilidade do ator e que felizmente foi perpetrado com sucesso por Freddie. Se o modo de andar e o sorriso contido  -  mas assustador -  foram “copiados”  do personagem no clássico dos anos 60,  o que já é algo notável, a gradativa transformação psicológica do personagem é impressionante,  e  isso é tudo crédito do jovem ator.  

Drama e sangue no motel.


Bates Motel não é perfeita, alguns furos narrativos ali, um final de temporada previsível aqui, mas seus erros não comprometem suas qualidades, a série foi renovada para a sua segunda temporada, que deve estrear no ano que vem. Acho que Hitchcock deve estar satisfeito com a longevidade e a  nova “cara” de suas crias...

19 de maio de 2013

Leonardo DiCaprio - O rei do mundo



Leonardo Wilhelm DiCaprio tem muito o que comemorar. É um dos atores mais bem sucedidos e influentes da atualidade, tem uma das carreiras mais sólidas da indústria cinematográfica e já trabalhou com os maiores diretores do cinema, Steven Spielberg, James Cameron, Martin Scorsese, Quentin Tarantino, e muitos outros.  O que falta? Ah, só a estátua de um careca dourado na estante. Mas ele não está nem aí, a Academia pode ter algum  “problema” com o ator, mas aqui no meu blog Leo merece um post todinho seu, aqui ele é o “rei do mundo” (referenciando a frase dita por seu personagem Jack, em Titanic). DiCaprio vai estar no mês que vem nas telas com O Grande Gatsby, e por isso, selecionei cinco filmes com atuações marcantes do rapaz e que evidenciam o talento, desenvoltura e versatilidade do astro de 38 anos.


Titanic (1997) – Como não se encantar com Jack, um rapaz pobre e sonhador, que se apaixona pela linda e nobre Rose (Kate Winslet) em um navio transatlântico. A história do amor impossível entre os dois é simples, mas bela, arrebatadora. DiCaprio e Winslet possuem uma química incomparável, a relação de seus personagens  nos envolve, nos comove, e isso se deve às competentes atuações de ambos. Com o mega sucesso do filme, Leo elevou sua fama a nível mundial, transformou-se em sex simbol, ídolo feminino. A parte ruim disso é que a mídia apenas se importava com seu “rosto bonito” e vida pessoal, deixando de lado o seu lado profissional.


Ilha do Medo (2010) – A parceria com o diretor Martin Scorsese, com quem trabalhou em cinco filmes incluindo o inédito The Wolf of Wall Street, auxiliou na transação da imagem pública do ator, ele passou então de astro teen a intérprete de filmes sérios e adultos. A companhia de Scorsese fez muito bem ao ator, Leo agarrou com unhas e dentes os papéis mais difíceis e complexos nas produções  do cineasta e não decepcionou, pelo contrário, recebeu inúmeras indicações a premiações como o Globo de Ouro e ainda deu um “tapa” na imprensa especializada que começou a tratá-lo como ator de verdade. Em Ilha do Medo, um suspense policial bem psicológico, DiCaprio ganha de Scorsese, um papel carregado, denso, mas ele nos surpreende ao imprimir com naturalidade toda a intensidade que o personagem exige.


Os Infiltrados (2006) – Outro filme feito com o amigo cineasta. Não posso dizer que Leonardo é a melhor coisa neste longa surpreendente, Matt Damon, Mark Walhberg e Jack Nicholson, também brilham. Porém, é com o personagem de DiCaprio que mais nos identificamos e torcemos por um happy end. Bill (Leo) vive no limite, trabalha para a polícia infiltrado na gangue de um chefão da máfia (Jack) violento e assustador. Bill Costigan é um personagem difícil, interpretar um homem que tem que esconder sua identidade, medos, sentimentos, não é trabalho para qualquer um. Mas o nosso “homenageado” tira isso de letra.

  
Django Livre (2012) - Quentin Tarantino presenteou Leonardo com um papel que todo ator pede à Deus.  Provavelmente, muitos astros queriam “matar” Leo para poder a chance de interpretar um vilão em um faroeste dirigido pelo cara mais cool do cinema atual. Apesar de ter menos tempo em cena que Jamie Foxx e Christopher Waltz, é DiCaprio que se destaca e entrega uma das melhores performances de sua carreira. Calvin Candle é repugnante, imprevisível, fácil de odiar e tem aquele olhar desconfiado que amedrontou eu, você e todo o público que viu o filme. A Academia perdeu (de novo) uma grande oportunidade de reconhecer o talento do astro e brindá-lo com um troféu dourado.


J. Edgar (2011) – Este não é o melhor filme de Clint Eastwood, mas apresenta uma das melhores atuações de Leonardo DiCaprio. Leo está elogiável como o  controverso diretor do FBI John Edgar Hoover. O filme explora o crescimento do FBI sob o comando de Hoover e foca também na vida pessoal do diretor, especialmente a sua homossexualidade, tratada com leveza por Eastwood. Egoísta, medroso, reprimido, esta é a versão de J. Edgar imprimida  por DiCaprio, cujo talento e competência nem a maquiagem “pesada” foi capaz de inibir. 

13 de maio de 2013

Hemlock Grove: Uma série de bizarrices




Uma série estranha com personagens bizarros, assim é Hemlock Grove, nova produção do canal pago, Netflix. A série de terror e mistério é produzida por Eli Roth, diretor de filmes ultra violentos como O Albergue e Cabana do Inferno. Porém, não espere a sanguinolência exagerada típica dos filmes de Roth em Hemlock Grove, o cineasta está um pouco contido e preferiu economizar no sangue.

A série começa com o assassinato brutal de uma garota, aparentemente por um lobisomem, e explora o impacto do crime na pequena cidade de Hemlock Grove. Apesar da premissa ser muito semelhante com séries como Teen Wolf e True Blood, e apresentar personagens fantásticos, neste caso, há o lobisomem, pessoas com alta capacidade de persuasão e uma garota com rosto deformado que muito lembra o Frankestein,  esta produção original não tem o ritmo vertiginoso da série da MTV e da HBO. A narrativa é lenta, assim como o desenvolvimento dos personagens.


Roman: o personagem mais intrigante de HG.


O primeiro episódio é estranho, irregular, nada acontece, exceto pelo assassinato, há muitos personagens, subtramas e diálogos, o piloto não atrai o bastante para você querer ver o segundo episódio.  Mas eu sou uma pessoa que não desiste fácil, e apesar do ritmo maçante, fui fisgado pela proposta intrigante da série e pela bizarra família Godfrey. Olivia (Famke Janssen, da trilogia X:Men, em excelente atuação) é a matrona da família, sexy e misteriosa. Shelley, a filha de Olivia, é uma aberração em forma de garota, alta, tem um olho maior que o outro, não fala, é meio radioativa. Por último, o personagem mais intrigante e interessante da série, Roman Godfrey (Bill Skarsgard, e adivinha só, ele é irmão de Alexander Skarsgard, o Eric de True Blood). O garoto rico tem um Q de sociopata e o poder de persuadir as pessoas a fazerem o que ele quiser, ao lado de Peter, um cigano/lobisomem e principal suspeito do crime, sairá à procura do verdadeiro assassino.

Uma das melhores cenas da série.


Hemlock Grove tem seus pecados, após ver seis episódios, percebi que são estas características peculiares que a distinguem de outras séries de suspense e mistério em exibição atualmente e que você acaba se acostumando com elas, por exemplo, eu já me habituei com o ritmo moroso do programa. Em doses pequenas e sem nenhuma pressa, vamos sendo arrastados para o mundo de esquisitices de Hemlock Grove e nos envolvendo cada vez mais com os personagens ambíguos e problemáticos e suas vidas cheias de mistérios avassaladores.

Janssen, sedutora sem fazer força.

A série do Netflix segue um caminho arriscado por não fazer nenhuma questão de te cativar de imediato, mas tem suas qualidades, uma  bela fotografia que torna tudo ainda mais sinistro e efeitos especiais de primeira, a cena de transformação do lobisomem, por exemplo, é impressionante. Se Hemlock Grove resolver todas as pontas soltas e os mistérios de uma forma satisfatória no final da temporada, ela tem tudo para se tornar uma das melhores séries do ano.

2 de maio de 2013

Homem de Ferro 3




Os Vingadores me deixou mal acostumado, o filme de Joss Whedon é tão perfeito e surpreendente que me deixou com altíssimas expectativas acerca dos futuros filmes de super-heróis da Marvel. Pensava comigo, serão os próximos longas tão bons quanto o arrasa-quarteirão de 2012? Então, Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013) estreou, é o primeiro filme pós-Vingadores, vem com a responsabilidade de ser perfeito – em todos os sentidos – assim como foi a aventura da reunião dos heróis da Marvel, mas infelizmente, a nova empreitada do homem de lata além de não ser o melhor filme da trilogia é muito inferior a Os Vingadores. Uma pena.

Aos fãs mais xiitas do herói gostaria de ressaltar, essa não é uma crítica negativa, pretendo mostrar os pontos positivos e negativos da fita, na minha opinião. Vou começar pelas falhas de Homem de Ferro 3. Bom, eu já esperava mudanças na saga quando Jon Favreau, que dirigiu os dois ótimos primeiros filmes, anunciou que deixaria a direção para um outro cineasta. Shane Black então assumiu a terceira parte, o cara é escritor, produtor e tem apenas um filme no currículo como diretor, o bacana Beijos e Tiros. Não sei por que ele foi escolhido...


Stark e  seu exército de ferro.

Com um diretor diferente, a mudança de tom era algo esperado, embora Shane tenha se esforçado para manter o senso de humor na sequência -  ainda assim há momentos cômicos bem forçados - é na cenas de ação que o diretor erra a mão. As cenas da destruição da casa de Tony Stark e o salvamento aéreo empolgam, porém, os momentos finais, principalmente a batalha final, aquela sensação de déjà vu se apoderou de minha pessoa. Ah por favor né, cena de ação ambientada em um avião com o presidente dos EUA e em locais portuários, já vi em dezenas de filmes. Quanta falta de originalidade. Faltou ousadia de Shane na execução das cenas e sobrou desleixo por conta dos roteiristas.

O roteiro falho, com a inclusão da subtrama com um garotinho que fica amigo de Tony, simplesmente não se encaixa muito bem na trama principal,  mesmo que os diálogos afiados entre Tony e o menino renda alguns bons momentos. O mau aproveitamento dos novos personagens interpretados por Rebecca Hall e Guy Pearce é outra questão a destacar. Aliás, Pearce está virando expert na vilania, viram ele arrasando em Os Infratores? Obra cinematográfica obrigatória lançada ano passado. Pearce e Hall ficam tão pouco tempo em cena que nem dá tempo de nos importarmos com seus personagens, tornando-os superficiais, assim como os seus motivos de destruir Stark e blá blá blá.

Química: o melhor de HF3 são Pepper e Tony


O melhor de Homem de Ferro 3? Ah, continua sendo Robert Downey Jr e o peculiar senso de humor de Tony Stark.  É do Tony, e não do super-herói, os melhores momentos da sequência. Outro ponto positivo é a maior participação em cena da querida Pepper, papel de Gwyneth Paltrow. A Sra. Potts  esbanja simpatia e tem uma química com Robert que é inigualável. É sempre bom vê-los juntos, melhor que as cenas explosivas e a correria. A escolha de Ben Kingsley como o vilão Mandarin foi acertada, e até que eu curti a reviravolta, um tanto inusitada, envolvendo o seu personagem.

A temporada de blockbusters começou, Homem de Ferro 3 deu o pontapé inicial, infelizmente o seu trailer empolgou mais que o filme em si, mas a  produção está longe de ser ruim,  tem mais  falhas do que deveria, no entanto, a nova aventura é divertida, engraçada, e  tem Stark, o herói mais humano e carismático que todo o time de Os Vingadores juntos.

NOTA: 7,0
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