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7 de setembro de 2017

Atômica – espionagem e história em filme de ação ousado



Destruída após a Segunda Guerra Mundial, Alemanha foi dividida entre os vencedores do conflito, ou seja, URSS comandava a Alemanha Oriental, e os EUA a Alemanha Ocidental. As pessoas que viviam na parte Ocidental podiam ir para o lado Oriental, mas não o contrário, favorecendo a construção de túneis subterrâneos para aqueles que queriam ultrapassar a barreira. 

O Muro de Berlim, símbolo da Guerra Fria, caiu no dia 9 de novembro de 1989, ou ao menos começou a ruir nessa data. A imagem da população munida de pás, marretas e martelos demolindo o paredão ficou na memória coletiva, porém, a derrocada do muro não se deu de um dia pro outro, até novembro de 1990 esse monumento foi lentamente demolido. Isso ocorreu porque um porta-voz da Alemanha Oriental declarou numa entrevista que seriam permitidas viagens ao outro lado, depois de ser questionado quando isso aconteceria, ele deu a entender que essa mudança já estava valendo. Tal declaração foi o suficiente para  que os moradores, do lado Oriental, se amontoassem junto ao muro para exigir passagem e derrubar o muro à força.



Mas essa é uma outra história...não é a principal, mas é o que torna Atômica (Atomic Blonde, 2017) muito mais que um filme de pancadaria estrelado por Charlize Theron, é uma obra ímpar, que mescla ingredientes de um filme de espionagem com o retrato de um momento histórico vivido pela humanidade. David Leitch, o diretor, criou praticamente um novo subgênero: o filme de ação-espionagem-histórico.


É nesse contexto pré-queda do Muro de Berlim que a espiã Lorraine (Theron) se envolve numa rede de intriga e traição com vários integrantes de agências de espionagem, todos em busca de um artefato em comum. Com a ajuda de Percival (James McAvoy), um agente não muito confiável, Lorraine se vê em situações em que usará de criatividade para se safar. Salto alto, mangueira, porta de geladeira, chaveiro, tudo se transforma em arma nas mãos de Lorraine. 


O combate é brutal, violento, sangrento, mas ela nunca perde a elegância e o sex appeal. A longa sequência de luta na escada é impressionante, dolorosa, e nos faz imaginar que nenhuma outra atriz faria tão bem o que Theron faz. Em cena, é visível a sua entrega ao papel, o seu desprendimento quanto à sua aparência física – algo recorrente em sua carreira, como vimos em Monster e em Mad Max.

Atômica é o primeiro longa de David Leitch, porém ele já tem um currículo bastante extenso em relação a filmes de ação. Seja como produtor, escritor, coordenador de dublês ou coreógrafo de cenas de ação, o cara já atuou em centenas de produções, mas o que talvez tenha colocado David no comando de Atômica tenha sido o ótimo John Wick (De Volta ao Jogo), no qual dirigiu algumas cenas. Toda essa experiência de David pode ser facilmente conferida em seu debut.



As coreografias de combate intensas e engenhosas, os diálogos pontuais, os cenários cheios de estilo e cuidadosamente escolhidos e o jogo de cores, por exemplo, revelam a experiência de Leitch no ramo, a sua vontade de fazer uma obra diferenciada e com substância (aqui entra o alto teor histórico, os fatos da Guerra Fria podem ser considerados como parte de uma subtrama, tamanha sua importância), e mais, revela todo o seu amor pelas músicas pop dos anos 80, que ecoam de forma incessante em todo o filme, abrindo com a atemporal Blue Monday, do New Order.

Atômica é assim como sua protagonista, sensual, destemida, intensa, ousada, uma obra que merece ser lembrada quanto pelo resgate histórico tanto pela revigorada que dá ao gênero de filmes de ação.

Um comentário:

  1. Muito obrigado pela crítica, parece muito pertinente, eu gosto muito. Sou fã de Sofia Boutella ela sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Na minha opinião, este não foi um dos melhores filmes de ação que foi lançado mais o talento desta atriz é muito bom. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Seguramente o êxito do filme de Sofia Boutella deve-se a suas expressões faciais, movimentos, a maneira como chora, ri, ama, tudo parece puramente genuíno. Sempre achei o seu trabalho excepcional, sempre demonstrou por que é considerada uma grande atriz, e a sua atuação é majestuosa.

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