Destruída após a Segunda Guerra Mundial,
Alemanha foi dividida entre os vencedores do conflito, ou seja, URSS comandava
a Alemanha Oriental, e os EUA a Alemanha Ocidental. As pessoas que viviam na
parte Ocidental podiam ir para o lado Oriental, mas não o contrário,
favorecendo a construção de túneis subterrâneos para aqueles que queriam
ultrapassar a barreira.
O Muro de Berlim, símbolo da
Guerra Fria, caiu no dia 9 de novembro de 1989, ou ao menos começou a ruir
nessa data. A imagem da população munida de pás, marretas e martelos demolindo
o paredão ficou na memória coletiva, porém, a derrocada do muro não se deu de
um dia pro outro, até novembro de 1990 esse monumento foi lentamente demolido. Isso
ocorreu porque um porta-voz da Alemanha Oriental declarou numa entrevista que seriam
permitidas viagens ao outro lado, depois de ser questionado quando isso aconteceria,
ele deu a entender que essa mudança já estava valendo. Tal declaração foi o
suficiente para que os moradores, do lado Oriental, se amontoassem junto ao muro
para exigir passagem e derrubar o muro à força.
Mas essa é uma outra história...não
é a principal, mas é o que torna Atômica (Atomic Blonde, 2017) muito mais que
um filme de pancadaria estrelado por Charlize Theron, é uma obra ímpar, que
mescla ingredientes de um filme de espionagem com o retrato de um momento
histórico vivido pela humanidade. David Leitch, o diretor, criou praticamente
um novo subgênero: o filme de ação-espionagem-histórico.
É nesse contexto pré-queda do
Muro de Berlim que a espiã Lorraine (Theron) se envolve numa rede de intriga e
traição com vários integrantes de agências de espionagem, todos em busca de um
artefato em comum. Com a ajuda de Percival (James McAvoy), um agente não muito
confiável, Lorraine se vê em situações em que usará de criatividade para se
safar. Salto alto, mangueira, porta de geladeira, chaveiro, tudo se transforma
em arma nas mãos de Lorraine.
O combate é brutal, violento, sangrento, mas ela
nunca perde a elegância e o sex appeal. A longa sequência de luta na escada é
impressionante, dolorosa, e nos faz imaginar que nenhuma outra atriz faria tão bem o que
Theron faz. Em cena, é visível a sua entrega ao papel, o seu desprendimento
quanto à sua aparência física – algo recorrente em sua carreira, como vimos em Monster e
em Mad Max.
Atômica é o primeiro longa de
David Leitch, porém ele já tem um currículo bastante extenso em relação a
filmes de ação. Seja como produtor, escritor, coordenador de dublês ou
coreógrafo de cenas de ação, o cara já atuou em centenas de produções, mas o que talvez tenha colocado David no comando de Atômica tenha sido o ótimo
John Wick (De Volta ao Jogo), no qual dirigiu algumas cenas. Toda essa experiência
de David pode ser facilmente conferida em seu debut.
As coreografias de combate
intensas e engenhosas, os diálogos pontuais, os cenários cheios de estilo e
cuidadosamente escolhidos e o jogo de cores, por exemplo, revelam a experiência
de Leitch no ramo, a sua vontade de fazer uma obra diferenciada e com substância
(aqui entra o alto teor histórico, os fatos da Guerra Fria podem ser considerados
como parte de uma subtrama, tamanha sua importância), e mais, revela todo
o seu amor pelas músicas pop dos anos 80, que ecoam de forma incessante em todo
o filme, abrindo com a atemporal Blue Monday, do New Order.
Atômica
é assim como sua protagonista, sensual, destemida, intensa, ousada, uma obra
que merece ser lembrada quanto pelo resgate histórico tanto pela revigorada que dá ao gênero de filmes de ação.
Muito obrigado pela crítica, parece muito pertinente, eu gosto muito. Sou fã de Sofia Boutella ela sempre surpreende com os seus papeis, pois se mete de cabeça nas suas atuações e contagia profundamente a todos com as suas emoções. Na minha opinião, este não foi um dos melhores filmes de ação que foi lançado mais o talento desta atriz é muito bom. Adoro porque sua atuação não é forçada em absoluto. Seguramente o êxito do filme de Sofia Boutella deve-se a suas expressões faciais, movimentos, a maneira como chora, ri, ama, tudo parece puramente genuíno. Sempre achei o seu trabalho excepcional, sempre demonstrou por que é considerada uma grande atriz, e a sua atuação é majestuosa.
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