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27 de outubro de 2013

O Conselheiro do Crime



Ao término da sessão do novo filme de Ridley Scott, O Conselheiro do Crime (The Counselor, 2013), a única cena realmente memorável que ficou na minha mente é a da personagem Malkina (Cameron Diaz arrasando) em um momento sexual e bizarro em cima de um carro. Não por acaso, é a loira atriz quarentona que surpreende e se destaca na produção composta por um elenco de peso com nomes como Michael Fassbender, Javier Barden, Brad Pitt e Penélope Cruz.

Bom, já que a obra do prestigiado cineasta é tão morna que dá preguiça de escrever sobre a trama, vou falar mais sobre a Cameron Diaz e sua atuação hipnótica, de longe, a melhor qualidade do filme.  Malkina, sua personagem, exala frieza, agressividade e outras impressões negativas desde o primeiro momento em que surge em cena.  Minhas impressões são confirmadas pouco tempo depois, na cena em que contracena com Penélope Cruz, instantes de muita sensualidade e diálogos ambíguos. Um dos bons momentos da fita.

Diaz: sexy e fatal.

Diaz está incrível, ofusca o seu parceiro de cena Javier Barden - bem caracterizado fisicamente mas numa performance sem muito brilho - e seu desempenho como uma mulher complexa e dúbia bem que poderia lhe render ao menos uma indicação ao Globo de Ouro, este seria um bom momento para a atriz desviar um pouco da imagem de comediante e mostrar a todos sua versatilidade.

Com um elenco invejável, obviamente que este não é o defeito do filme. O Conselheiro do Crime peca pela linearidade do roteiro de Cormac McCarthy (autor de A Estrada) e pelo texto rebuscado. Alguns diálogos são maravilhosos, é verdade, mas há outros que soam forçados demais e destoam da realidade ficcional.

Barden e Fassbender em cena.

Sobre a trama, vamos lá, um conselheiro (Fassbender, competente como sempre) decide participar de um negócio ligado a tráfico de drogas a fim de ganhar dinheiro fácil. Sabemos desde o começo que ele vai se dá mal e todos avisam das consequências que está sujeito a sofrer e dos dilemas morais que enfrentará. Daí quando algo sai errado, o roteiro mostra suas fraquezas, e o efeito disso é que o espectador não sente - e não vê - que ocorreu uma "reviravolta" e fica perdido até o último ato. Não sei, talvez estejamos muitos acostumados com os formatos do suspense hollywoodiano com suas reviravoltas mais incisivas, quem sabe a ideia de McCarthy era justamente entregar uma obra que fugisse do "arroz com feijão". Também penso que se a trama fosse não-linear, a exemplo de 21 Gramas, o resultado poderia ser melhor e a jornada infinitamente mais interessante.

No geral, O Conselheiro de Crime tem bons momentos, que funcionam separadamente, mas em um quadro geral, o resultado é frustrante. E desde Hannibal o Sr. Scott ainda continua devendo um bom filme aos fãs.


NOTA: 5,5

2 comentários:

  1. Uma pena mesmo que o filme não seja tudo aquilo que aparenta ser. E nesse contexto de cartéis de drogas, ainda achava que Oliver Stone estava sofrendo de crise criativa com seu "Selvagens". Pelo visto essa crise é epidêmica em Hollywood!

    abraço

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  2. Pois é, este entra para aquela lista de filmes com elenco grandioso e um historia que parecia promissora mas não foi..rsrsrrs.

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