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29 de fevereiro de 2016

O retorno agridoce de Arquivo X




Contém spoilers!

A expectativa acerca do retorno de uma das minhas séries favoritas e uma das mais cultuadas da história da TV, Arquivo X (The X-Files, 1993 - ), 14 anos após o seu “fim” , lá em 2002, era imensa, mas eu não esperava nada além de ver novamente Dana Scully (Gillian Anderson) e Fox Mulder (David Duchovny) em ação,  envolvidos, principalmente, em casos de conspiração alienígena. Nesse sentido, a série cumpriu o seu dever, no entanto, deixou a desejar em episódios procedurais, aqueles com “casos aleatórios da semana” que não tinham nada a ver com a história central da temporada. Então, confesso que o revival de Arquivo X não foi perfeito, deixou um gostinho agridoce no fim (ainda bem, foi uma temporada curta), mas mesmo assim,  teve muitos bons momentos.


A décima (mini)temporada - trailer aqui - com seis episódios pode ser descrita assim: foram 3 episódios muito bons (Ep.1 e 6 – My Struggle I e II; Epis. 3 - Mulder & Scully Meet the Were-Monster), dois bons, mas dispensáveis (Ep.2 - Founders Mutation; Epis. 4 – Home Again) e um bem fraquinho (Ep.5 – Babylon). Os episódios 1 e 6 foram dirigidos pelo criador da série, Chris Carter, e tratavam de uma descoberta em que o governo estaria utilizando há décadas tecnologia alienígena para manipular a civilização. 



A sequência da queda de um OVNI em Roswell, em 1947, acontecimento que é considerado o marco da ufologia, foi de arrepiar, bonito de ver. Mesmo com um desenvolvimento apressado da história e do Duchovny parecendo um bêbado no primeiro capítulo, os episódios de My Struggle valeram por toda a temporada, tensos, reviravoltas sem fim, aparecimento de naves espaciais e um clímax bombástico.


A nova temporada de Arquivo X também nos deu um episódio divertidíssimo e um tanto reflexivo e poético. Em Mulder & Scully Meet the Were-Monster, Mulder duvida de sua fé no inexplicável, fala que atualmente não existe mais mistérios, para tudo há uma explicação. Mas o seu encontro com um homem-lagarto o faz refletir sobre questões existenciais e profundas. A cena em que ele imita a Scully, agindo de forma cética, com suas explicações científicas para todas as situações "sobrenaturais",  é apenas hilária.



Como dito antes, a maioria dos episódios que não tratavam da mitologia deixaram a desejar, preguiçosos, do ponto de vista narrativo, a inclusão de dois novos agentes, Miller e Einstein, interpretados respectivamente por Robbie Amell (The Flash) e a ótima Lauren Ambrose (A Sete Palmos) deu um novo frescor à série, mesmo eu achando tais adições desnecessárias. Fiquei pensando, por que colocar mais agentes? Será que Mulder e Scully se aposentarão e os jovens tomarão seus lugares, em um reboot que a Fox está preparando para o futuro? Só o tempo dirá. 



Há muito que dizer sobre o novo Arquivo X – ainda não refleti sobre a "ressurreição" do “homem do cigarro”, se foi mesmo necessária ou não – embora seu retorno tenha mais falhas que acertos, ter a chance de testemunhar novamente a química entre Fox (David, um pouco desgastado né!) e Dana (Gillian continua linda e talentosa) lidando com o sobrenatural em um mundo contemporâneo foi divertido, nostálgico, um deleite.  


Com um final de temporada no melhor estilo “a verdade está lá fora e todo mundo viu”, e com uma audiência impressionante, Arquivo X certamente ganhará novos episódios, apenas anseio por histórias melhores e mais inspiração de Chris Carter, pois a série ainda precisa justificar o seu regresso, afinal, Arquivo X é uma série icônica, ainda precisa de episódios que façam jus à sua importância televisiva e “status cult”, tão bons quanto aqueles das primeiras temporadas. E EU QUERO ACREDITAR  que eles virão.


NOTA: 7,5

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