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16 de janeiro de 2010

Intrigas de Estado

O thriller mostra a antiga e a nova forma de fazer jornalismo 


No thriller Intrigas de Estado (State of Play, 2009), o eterno gladiador Russel Crowe interpreta o jornalista Cal MacAffrey - gordo e com os cabelos tão desordenado quanto a sua mesa de trabalho. Ele investiga o assassinato de uma mulher, amante do seu amigo, o deputado Collins, vivido por Ben Affleck. Claro que a situação se complica ainda mais quando o jornalista descobre que está diante de uma grande conspiração envolvendo uma grande empresa, políticos e outros assassinatos. Para quem curte uma investigação na tela, um bom suspense, reviravoltas em torno dos personagens, bem ao estilo de Todos os Homens do Presidente, este filme cumpre bem com tudo isso e ainda tem mais. Intrigas de Estado discute um tema atual. O longa tem como pano de fundo a questão sobre as novas ferramentas usadas no ramo jornalístico, ou seja, o declínio do jornal impresso e a ascensão de novas mídias como o blog.

Della Frye (Rachel McAdams, aquela que está na telona agora em Sherlock Holmes e do bacana Diário de uma Paixão) trabalha no mesmo jornal que Cal MacAffrey, mas ela é inexperiente, jovem e blogueira. Geralmente suas matérias publicadas no seu blog são carregadas de sensacionalismo. Mas sua editora Cameron Lynne vivida por Helen Mirren, fala bem dela: "ela é esfomeada, barata, e produz matéria a cada hora".

Já o (velho) jornalista (especialista em matérias especiais, geralmente longas) que está trabalhando há quinze anos no jornal, ela o classifica como um profissional "super-alimentado, caro demais e muito demorado". Percebe-se então, essa disputa entre estes dois jornalistas que usam ferramentas diferentes e com maneiras tão distintas de trabalhar, durante todo o filme. Claro que eles terminam por ajudar um ao outro, mas a discussão foi lançada e é conveniente nos perguntarmos: vale mais uma matéria num blog, que rapidamente é esquecida, ou uma matéria com mais detalhes e profundidade num jornal impresso?

"Querida, isso é matéria pra jornal."


Leia agora, algumas pérolas disparadas pela editora-chefe, frases que faço questão de exibi-las aqui, pois mostram situações que, com certeza, devem acontecer nas redações de qualquer jornal de qualquer lugar do mundo.

A editora-chefe diz para o jornalista Cal:

"Engraçado, toda vez que seu amigo (deputado Collins) entra em campanha, você canta o nome dele até fazermos a cobertura, e quando ele faz alguma coisa (ela fala de um escândalo nada favorável ao deputado), que realmente chegue a vender alguns exemplares, você fica mudo. Isto é incompatível."


Ou seja, a partir daí, é possível denotar que a imprensa adora uma notícia ruim, ou melhor, os leitores. Eles adoram ver desgraça na capa do jornal. Noticia boa, não vende. É fato.

Outra frase memorável:

"Nossos patrões estão com uma ideia absurda. Querem que a gente dê lucro". (referindo-se à mídia impressa)


Isto nem necessita de comentários, todos sabem que a venda de jornais está caindo progressivamente, a cada ano. E com a correria do mundo atual, ler notícias na internet é mais rápido, cômodo e não suja as mãos haha (ok, este último fator é pra gente fresca, mas acredite, tem gente que usa esse argumento). Mas ainda acho que o veículo impresso, não desaparecerá tão rápido assim, acredito que ainda vai sobreviver por algum tempo, sua credibilidade continua inabalável. 

Enfim, Intrigas de Estado é um ótimo filme, funciona como entretenimento, mas também faz uma análise sobre os meios de comunicação nos dias de hoje, sua rotina, os novos meios e seu funcionamento. Isso o faz obrigatório para estudantes e profissionais dessa área. Não tenho dúvida que ele logo será exibido nas salas de aulas para os estudantes de comunicação de todo o mundo.

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