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16 de junho de 2014

Versos de um Crime





Daniel Radcliffe - o intérprete de Harry Potter, caso você tenha ficado fora da Terra nos últimos anos - não é um ator comum, sua sede em experimentar papéis fortes e desafiadores e a vontade de se distanciar ao máximo do protagonista da adaptação literária já tinha iniciado antes mesmo da saga terminar. Lembram quando Radcliffe causou burburinhos ao aparecer pelado na peça Equus? Então, desde esse momento tivemos uma prévia dos rumos que sua carreira tomaria. 


Com essa coragem e a preferência por papéis excêntricos, o talentoso Daniel - sim, ele é - vem construindo sua carreira pós-Harry Potter interpretando personagens interessantíssimos como o jovem médico na estranha e engraçada série Diário de um Jovem Médico (A Young Doctor´s Notebook). Já no cinema, suas performances continuam inspiradas, já as produções de que participa, são irregulares, como o suspense A Mulher de Preto e o drama Versos de Um Crime.

 Aprontando na biblioteca!


Do diretor estreante John Krokidas, Versos de um Crime (Kill Your Darlings, 2013) conta um pouco sobre os escritores e poetas da chamada Geração Beat, um grupo de jovens intelectuais inconformados com a educação limitada e anticriativa, adeptos a um estilo de vida intenso regido a álcool, jazz e muitos entorpecentes. Radcliffe vive Allen Ginsberg (famoso pela obra Uivo e Outros Poemas), um garoto com problemas domésticos que encontra na universidade um mundo novo e boêmio, lá se apaixona pelo colega Lucien Carr (Dane DeHaan, de Poder sem Limites) e experimenta uma gama de sensações e sentimentos que nunca imaginara.


Faz parte do grupo de amigos o escritor Jack Kerouac (que anos depois escreveria On The Road, aqui interpretado por Ben Foster) e William Burroughs (autor de Almoço Nu e vivido no filme por Jack Huston). Parte do longa se concentra nos escritores trabalhando numa inovadora linha literária, Uma Nova Visão. O clima é semelhante ao clássico Sociedade dos Poetas Mortos, até a trama sofrer uma reviravolta envolvendo um assassinato e se tornar um suspense policial. Então, toda a parte de desenvolvimento do Movimento Beat perde sua importância em razão do tal crime, deixando o espectador ávido por saber mais do movimento e sendo obrigado a engolir a história do assassinato, que infelizmente, não empolga muito.

 C. Hall e Radcliffe: atuações inspiradas


É certo dizer que Versos de Um Crime é mais um filme concentrado no amadurecimento de Ginsberg, um garoto sensível e romântico, mas facilmente manipulado. Radcliffe está soberbo aqui, destemido como sempre, o ator se entregada em momentos desafiadores como a cena de sexo com outro homem. Michael C. Hall também se destaca na obra, eis aqui um ator incrível que já está fazendo falta na TV desde que Dexter acabou.


Conhecer um pouco mais sobre os escritores da época, a visão de mundo e as experiências dos integrantes do Movimento Beat e as atuações inspiradas do elenco é o que mais atrai nesta produção. Para fãs de Kerouac e Cia. e do Menino Bruxo, o filme deve ser um deleite também. Mas o roteiro falho - a sequência de sexo de Ginsberg alternando com cenas de outros personagens é muito bizarra e sem sentido - e a direção equivocada comprometem o resultado final e assim, Versos de um Crime se caracteriza pela superficialidade e de fácil esquecimento.


NOTA: 5,5

Um comentário:

  1. Baixei esse filme (sem a menor noção do que si tratava) e ainda não assisti. Só tinha cara de ser muito bom então. Dava certa credibilidade ao Radcliffe após o final do bruxinho, pois adorei "A Mulher de Preto", mas agora também não terei pressa.

    abraço

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