No ano passado Behind the
Candelabra, telefilme protagonizado por Michael Douglas e Matt Damon e baseado na
vida do pianista Wladziu Liberace conquistou a crítica e abocanhou inúmeros
troféus nas premiações da televisão americana. Este mês, outro drama gay produzido
pela HBO estreia com a expectativa de repetir o mesmo caminho de sucesso, The
Normal Heart (2014) é uma poderosa obra, interpretada com muita paixão e
dedicação pelos seus dois atores principais, Mark Ruffalo (Os Vingadores) e
Matt Bomer (da série White Collar).
The Normal Heart se passa nos
anos 80 e conta sobre o início da epidemia do vírus da AIDS nos EUA. O mundo
extravagante e alegre da comunidade gay é acometido por uma série de mortes
inexplicáveis do qual ninguém sabe como e onde se contrai o tal vírus. Ruffalo
interpreta Ned Weeks, ativista que faz de tudo para alertar os companheiros da
doença e para que o governo pare de ignorar a epidemia e o público gls, que
naquela época, era visto com desprezo pelo restante da sociedade, além de serem tratados como únicos disseminadores da doença.
Matt Bomer já bem magro, na pele de um portador de HIV
Felix (Bomer) é o repórter de uma
importante publicação que se envolve amorosamente com o ativista Ned Weeks. Charmoso
e esbelto no início, Felix se torna a forte e moribunda imagem de um portador
de HIV na última hora do filme. Assim como Matthew McConaughey em Clube de
Compras Dallas e Christian Bale em O Operário, Matt Bomer encarou a ideia de
perder dezenas de quilos para o seu personagem e o resultado é surpreendente e
impactante. Ruffalo e Bomer devem ganhar prêmios por suas grandes atuações nas
premiações do Emmy, Globo de Ouro, entre outras.
A produção da HBO é dirigida pelo
ousado Ryan Murphy, criador das séries Glee e American Horror Story e diretor
de Comer, Rezar e Amar, não por acaso, o elenco tem bastante gente conhecida e
amiga dele como a Julia Roberts, que vive a médica Emma Brookner, a única pessoa
do seu meio que se esforça para tentar compreender o vírus HIV, Jonathan Groff, já participou de Glee e
hoje está na excelente Looking, Jim Parsons, o Sheldon Cooper de The Big Bang
Theory e o projeto de astro Taylor Kitsch, da série Friday Night Lights e dos
blockbusters John Carter e Battleship, irreconhecível na pele de Bruce, um dos
homossexuais ativistas e que se culpa por transmitir o vírus a quase todos os
seus namorados.
Ruffalo e Bomer: no amor e na guerra
The Normal Heart não é um drama
ausente de falhas, peca por forçar diálogos longos e histéricos demais com o
intuito de chamar a atenção do público para o tema em questão, porém, não
diminui a força que o filme apresenta advinda principalmente de seus personagens
intensos e da história comovente. Foi um período vergonhoso para a humanidade,
no qual a sociedade fechou os olhos para os portadores do vírus por puro
preconceito e ignorância, e não se importavam sequer com a quantidade imensa de
vítimas que a AIDS fazia todos os dias. Simplesmente não havia humanidade aí. Eu recomendo o filme, já em exibição no canal HBO.
NOTA: 7,5
"The Normal Heart"(EUA,dir.Ryan Murphy, 2014), que acabo de assistir,um filme sobre a gênese da AIDS/HIV na Nova Iorque dos anos 1980 é uma das experiências estéticas mais contundentes que tive em minha vida.
ResponderExcluirBaseado numa peça teatral escrita por Larry Kramer em1985, nos narra as lutas políticas sobre o então "câncer gay". Os regimes de verdade produzidos sobre a epidemia; as dificuldades da comunidade gay em abdicar de sua liberdade sexual tão duramente construída, em prol da contenção da doença; a negligência do poder público diante da questão proposta pelas lideranças gays protagonistas do filme.
É preciso sublinhar que "naquele momento histórico, silêncio, armário e vergonha significavam morte", lembra o diretor, a partir das conversas que teve com o roteirista Larry Kramer, que fez a obra com tons assumidamente biográficos.A atuação do Comitê da Crise da Saúde dos Homens Gays, fruto dos movimentos sociais pelos direitos civis homossexuais estadunidenses na década de 1980.
"Os tempos mudaram, mas a discussão sobre a epidemia global da Aids é ainda tão importante e contemporânea quanto o debate sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a luta por termos, todos nós, o direito de sermos amados e aceitos como cidadãos, independentemente da afetividade sexual. A História provou que Larry estava certo. De herético, ele se transformou em um dos heróis do movimento pelos direitos civis dos gays nos EUA", nos diz Murphy."
"The Normal Heart" é uma sequência de imagens sobre a vida, a morte, a vulnerabilidade, o governo e os governamentos dos corpos, da saúde coletiva ... mas também dos silêncios, dos "armários" que sujeitam, das lutas dos movimentos sociais e as tensões dentro dos próprios grupos societários com "identidade" de gênero e de orientação sexual... não bastasse tudo isso, é uma bela narrativa sobre o amor que OUSA dizer seu nome, fazendo um trocadilho com a célebre citação de Oscar Wilde.
Ótima análise do filme prof. Pierre. Obrigado pelo comentário.
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