O eterno dilema do homem
versus máquina ganha contornos realistas na reflexiva série Humans (2015),
produção do canal americano AMC com o Channel 4, do Reino Unido. O drama sci-fi
é uma refilmagem de outro programa de TV, Real Humans, produção sueca. Humans
encerrou a primeira e bem sucedida temporada - de oito episódios - este mês e devido à boa
audiência, foi renovada para a segunda temporada.
A ideia de vivermos cercados por robôs e que estes “sirvam”
apenas para nos “servir”, realizando nossas tarefas domésticas e atividades
afins, não é tão nova assim e nem é algo que está tão distante de nossa
realidade. Apesar dessa questão ser incansavelmente debatida em centenas de filmes
e seriados, Humans apresenta um novo olhar, mais intimista e real, sem efeitos espetaculares – ou
lutas grandiosas entre homens e robôs - para nos desviar a atenção do conteúdo, que aqui é o mais importante.
Na série sci-fi, somos apresentados primeiramente à família
Hawkins. Acompanhamos no episódio piloto a exaustiva rotina do pai ao cuidar
dos três filhos, sozinho. Com a ausência da mãe e os afazeres se multiplicando,
o patriarca decide comprar um synth (robô de alta tecnologia com aparência
humana, feito para realizar os trabalhos que os humanos já não querem mais
fazer, como limpar a casa, cozinhar, ir ao supermercado, enfim) para lhe ajudar
a colocar a ordem na casa. Anita (Gemma Chan, ótima atuação “robótica”) é a
robô misteriosa que além de ajudar a família nas tarefas domésticas, vai causar
muitas dores de cabeça também.
Desde o primeiro episódio, sabemos que Anita faz parte de um
seleto grupo de robôs especiais, que foram "presenteados" com inteligência
artificial e que por isso, possuem “sentimentos” e às vezes, são mais humanos
que os próprios humanos. Paralelo à subtrama da família Hawkins e a Anita, tem a história
desse grupo de synths, que se passam por humanos para
não serem "desligados". Há um mistério envolvendo esses robôs que apenas será
descoberto nos últimos episódios. Humans
é muito eficiente quando se trata de revelar lentamente os segredos da
história principal, segurando o espectador até o próximo capítulo.
Humans, a saga dos robôs sentimentais, levanta discussões
pertinentes dos dois lados, o do criador, o homem que criou um ser tão
capaz a ponto de causar-lhe o medo da própria invenção, e o lado da criatura, seres que são ameaçados e adorados pelos humanos na mesma proporção, mas desejam a liberdade, não apenas a servidão.
Questões como até que ponto o convívio com synths é saudável e/ou perigosa para
os humanos, o preconceito, a importância da família, o respeito ao que é “diferente”, são
densamente explorados na série.
Alguns rostos conhecidos integram o elenco, Colin Morgan – da
série The Fall e As Aventuras de Merlin - interpreta o Leo, Katherine Parkinson
(de The It Crowd) e William Hurt (do filme que aborda a mesma temática, A.I.
Inteligência Artificial) são alguns deles.
Com uma estrutura e atmosfera que lembra mais os seriados
britânicos e menos os americanos, muitos diálogos e um desenvolvimento que não
força os acontecimentos, Humans é uma
série bem curiosa, o que a torna bem única, para quem curte mesmo o gênero sci-fi, realista e intrigante,
com um universo amplo a ser explorado.
NOTA: 8,0
Confira o trailer:
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