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5 de agosto de 2015

Humans – A série dos robôs sentimentais


  
O eterno dilema do homem versus máquina ganha contornos realistas na reflexiva série Humans (2015), produção do canal americano AMC com o Channel 4, do Reino Unido. O drama sci-fi é uma refilmagem de outro programa de TV, Real Humans, produção sueca. Humans encerrou a primeira e bem sucedida temporada - de oito episódios - este mês e devido à boa audiência, foi renovada para a segunda temporada.


A ideia de vivermos cercados por robôs e que estes “sirvam” apenas para nos “servir”, realizando nossas tarefas domésticas e atividades afins, não é tão nova assim e nem é algo que está tão distante de nossa realidade. Apesar dessa questão ser incansavelmente debatida em centenas de filmes e seriados, Humans apresenta um novo olhar, mais intimista e real, sem efeitos espetaculares – ou lutas grandiosas entre homens e robôs - para nos desviar a atenção do conteúdo, que aqui é o mais importante. 



Na série sci-fi, somos apresentados primeiramente à família Hawkins. Acompanhamos no episódio piloto a exaustiva rotina do pai ao cuidar dos três filhos, sozinho. Com a ausência da mãe e os afazeres se multiplicando, o patriarca decide comprar um synth (robô de alta tecnologia com aparência humana, feito para realizar os trabalhos que os humanos já não querem mais fazer, como limpar a casa, cozinhar, ir ao supermercado, enfim) para lhe ajudar a colocar a ordem na casa. Anita (Gemma Chan, ótima atuação “robótica”) é a robô misteriosa que além de ajudar a família nas tarefas domésticas, vai causar muitas dores de cabeça também.


Desde o primeiro episódio, sabemos que Anita faz parte de um seleto grupo de robôs especiais, que foram "presenteados" com inteligência artificial e que por isso, possuem “sentimentos” e às vezes, são mais humanos que os próprios humanos. Paralelo à subtrama da família Hawkins e a Anita, tem a história desse grupo de synths, que se passam por humanos para não serem "desligados". Há um mistério envolvendo esses robôs que apenas será descoberto nos últimos episódios. Humans é muito eficiente quando se trata de revelar lentamente os segredos da história principal, segurando o espectador até o próximo capítulo.



Humans, a saga dos robôs sentimentais, levanta discussões pertinentes dos dois lados, o do criador, o homem que criou um ser tão capaz a ponto de causar-lhe o medo da própria invenção, e o lado da criatura, seres que são ameaçados e adorados pelos humanos na mesma proporção, mas desejam a liberdade, não apenas a servidão. Questões como até que ponto o convívio com synths é saudável e/ou perigosa para os humanos, o preconceito, a importância da família, o respeito ao que é “diferente”, são densamente explorados na série.


Alguns rostos conhecidos integram o elenco, Colin Morgan – da série The Fall e As Aventuras de Merlin - interpreta o Leo, Katherine Parkinson (de The It Crowd) e William Hurt (do filme que aborda a mesma temática, A.I. Inteligência Artificial) são alguns deles.


Com uma estrutura e atmosfera que lembra mais os seriados britânicos e menos os americanos, muitos diálogos e um desenvolvimento que não força os acontecimentos, Humans é uma série bem curiosa, o que a torna bem única, para quem curte mesmo o gênero sci-fi, realista e intrigante, com um universo amplo a ser explorado. 


NOTA: 8,0

Confira o trailer:



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