O perverso filme de Paul Verhoeven,
Robocop (1987) é ainda um filmaço, infelizmente muitos ainda têm preconceito
contra a obra, pensando que ela nada mais é que uma fita de ação oitentista
descerebrada, pelo contrário, é um filme inteligente, ousado, com um texto
ácido e crítico acerca da sociedade, e por fim, violentíssimo, uma qualidade de
alguns filmes do cineasta. O que quero dizer é, mesmo que você confira o novo
Robocop (2014), dirigido por José Padilha, também deve assistir a versão
clássica, pois são duas obras completamente diferentes, exceto, o próprio
protagonista, o policial do futuro.
O Robocop do Zé têm muito em
comum com as suas obras anteriores, os dois Tropa
de Elite, como a câmera nervosa, o subtexto político e principalmente o
protagonista Alex Murphy. O cara é um policial incorruptível e um pouco “esquentado”,
assim como o Capitão Nascimento. E por essas e outras razões, a nova versão não
pode ser chamada de remake, pois se assemelha mais à Tropa que a obra
original de Verhoeven.
O roteiro é original, mas a
premissa é a mesma, um policial sofre um atentado e fica inválido, a única
maneira de mantê-lo vivo é torná-lo uma máquina. A ênfase na relação de Murphy
e sua família após tornar-se o Robocop, a tentativa da esposa em continuar
tendo o marido por perto é característico da versão de Padilha, assim como a
preferência do diretor em se concentrar na vingança pessoal do protagonista e
dar menos enfoque ao trabalho diário do policial do futuro nas ruas. Se isso
foi uma boa ideia, eu penso que sim, o roteiro de Joshua Zetumer é inteligente,
dinâmico e difícil de prever as ações, exceto, pela parte final, boba e
previsível.
Quanto aos temas sociais
debatidos, Padilha usa Pat Novak, personagem de Samuel L Jackson (um Datena da
vida) para arremessá-los na tela. Além de abordar a relação homem x máquina e o
uso desta última em benefício dos humanos, se discute também uma gama de temas,
o papel da mídia tendenciosa (incluso o próprio programa de TV de Novak), corrupção
na esfera pública, ganância corporativa e outras questões moldam o enredo, que
é intrincado demais para um filme de ação, e a meu ver, ficou devendo cenas de
ação mais empolgantes.
O Robocop realista do cineasta brasileiro tem inúmeras qualidades,
um elenco de renome e inspirado (Jackson, Gary Oldman, Michael Keaton, Abbie
Cornish e Joel Kinnaman, escolha certeira de Padilha para viver o policial, eu
já gostava do ator na série The Killing), sequências bem produzidas como o tiroteio ás escuras e o momento (engraçado até) em que
Robocop captura “oficialmente” o seu primeiro criminoso durante a sua apresentação ao público. Padilha estreou muito bem em Hollywood,
isto é motivo para nos orgulhar. Mas no término da sessão, fiquei com uma sensação de que “faltou
algo”, além da vontade de rever o original.
NOTA: 7,5
Ainda não vi, mas estou bem curioso em ver o trabalho de Padilha. Sou fã do personagem oitentista e estou seguro de que o filme pode até não ter o mesmo carisma, mas ainda assim vai me agradar.
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